De tão isolado e remoto, o extremo oriental de S. Miguel chegou a ser considerado a décima ilha açoriana. Os acessos melhoraram entretanto, mas o concelho do Nordeste manteve-se um mundo à parte, ainda mais verde, mais intacto e mais florido do que seria possível imaginar.
Não é por acaso que o Nordeste é provavelmente o segredo mais bem guardado de S. Miguel. Chegar até lá ainda tem que se lhe diga, por isso não se iluda com aquele cantinho no mapa e reserve um dia inteiro para descobrir estas paragens.
Saindo de Ponta Delgada, são cerca de 70 quilómetros até à sede de concelho, mas tão curta distância pode revelar-se demorada, não só pelas curvas e contra-curvas da estrada, mas também porque é difícil resistir aos mil e um miradouros que vamos encontrando.
O Atlântico faz-nos companhia até às Furnas e voltamos a reencontrá-lo antes da vila de Povoação, mas daqui podemos seguir pelo interior da ilha ou continuar junto do mar, na estrada do Faial da Terra. O caminho é sinuoso em ambos os casos, embora recompensado por paisagens cada vez mais dramáticas e bravias. É sinal que o Nordeste está próximo…
Amor à primeira vista
O Miradouro da Ponta da Madrugada, um dos mais belos de São Miguel, recebe-nos à entrada do concelho com um cuidado jardim e vistas de cortar a respiração, tanto para o mar como para a serra.
Dizem os locais que é o melhor ponto da ilha para observar o nascer do Sol, por isso há quem aqui pernoite só para assistir aos primeiros raios da manhã. E assim se fica a perceber por que razão Frei Agostinho, religioso e historiador açoriano dos séculos XVII e XVIII, chamou ao Nordeste “a fronteira do sol nascente”.
Um pouco mais à frente fica o Miradouro da Ponta do Sossego, que junta os soberbos panoramas a um florido parque de merendas, muito concorrido ao fim-de-semana.
Nelson Jerónimo Rodrigues 2011-10-04