As erupções de um vulcão milenar deram origem a um vale encantado que tem tanto de sereno como de indomável. A lagoa, os jardins e as paisagens fazem lembrar o paraíso, enquanto as caldeiras e o calor da terra mostram quão frágil pode ser o equilíbrio da Natureza.
“Aqui a terra respira”, gostam de dizer as gentes das Furnas aos forasteiros, orgulhosas das intempestivas forças naturais que se revelam em cada recanto.
Até a própria lagoa das Furnas, autêntico postal ilustrado da região, mais não é que uma cratera vulcânica (colapsada há 5 mil anos) onde se foi acumulando a água das ribeiras e das abundantes chuvas açorianas.
Nada melhor que começarmos, então, o nosso passeio no alto do Miradouro do Lombo dos Milhos, ponto de observação privilegiado que, além de nos revelar a majestosidade envolvente, também ajuda a compreender a sequência de fenómenos geológicos que levaram à formação do Vale das Furnas.
Depois das vistas panorâmicas é agora tempo de admirarmos tamanha beleza ao pormenor, por isso seguimos para as margens da lagoa, onde a vegetação ganha vida própria e até o espelho de água se agita ao sabor do vento.
O caminho (fechado ao trânsito) que nos leva até à Ermida de Nossa Senhora das Vitórias é feito entre um denso arvoredo que parece querer engolir este misterioso templo, expoente máximo da arquitectura revivalista nos Açores e mausoléu de José do Canto, ilustre micaelense do século XIX.
Ao lado, uma casa em estilo britânico e um chalé francês (desenhado por um famoso arquitecto parisiense) compõem a silhueta romântica deste local, enquanto mais à frente fica um arrojado edifício de design moderno que acolhe o Centro de Interpretação da Lagoa das Furnas.
Nelson Jerónimo Rodrigues 2011-09-07