Passeio de carro no nordeste algarvio

Por aldeias e montes de Alcoutim

Do Guadiana aos contrafortes da serra, este percurso de 75 quilómetros dá a conhecer a face mais autêntica da região algarvia, feita de povoados dispersos, tradições seculares e paisagens de encanto. De carro ou de mota, por caminhos quase secretos, venha daí descobrir o surpreendente Algarve rural.

A pequena povoação de Guerreiros do Rio marca o quilómetro zero deste passeio que só se faz à estrada depois de conhecermos o maior orgulho da terra, o Museu do Rio, cujo acervo relata a história da relação milenar entre o Homem e o Guadiana. Será ele, o Grande Rio do Sul, que nos fará companhia até Alcoutim, sempre pela EM 507, mas até lá ainda há muito para ver e… para provar.

É que na povoação seguinte, Laranjeiras de seu nome, fica precisamente um dos mais afamados e tradicionais restaurantes do concelho – A Cantarinha do Guadiana –, que obriga-nos desde já a uma paragem para compor o estômago. Palavra puxa palavra e logo nos dizem para conhecermos as ruínas romanas do Montinho das Laranjeiras (um par de quilómetros mais à frente) e o Miradouro do Pontal, situado logo a seguir e defronte para uma das mais belas curvas do rio.

Seguindo sempre pelo mesmo caminho rapidamente avistamos Alcoutim, que se espraia aos soluços desde o castelo até à zona ribeirinha. A vila bem que merece uma visita atenta mas o tempo corre, por isso desta vez fiquemo-nos por alguns dos ex-líbris da terra, como o castelo, a igreja matriz, a Ermida de Nossa Senhora da Conceição ou a Praia Fluvial do Pego Fundo. E ala que se faz tarde…

Um museu e um segredo

À saída da vila, tomamos o desvio para Corte Tabelião (EN 122-1, com passagem pela Barragem de Alcoutim) onde voltamos a parar o carro para conhecer este pequeno povoado. Se o museu estiver fechado não se acanhe e pergunte pelo senhor António Mestre porque ele terá todo o gosto em mostrar-lhe este espaço, que agora mostra os mais variados objetos antigos (sobretudo artefactos agrícolas) mas em tempos foi utilizado para guardar os burros e a palha da comunidade.

É também este poeta popular que nos revela um autêntico paraíso natural daquelas paragens – O Pego do Inferno -, uma espécie de cascata “secreta”, desconhecida até por boa parte das gentes do concelho. O mais difícil é lá chegar, mas se tiver espírito de aventura e um carro resistente, basta seguir pela primeira estrada de terra batida que encontrar (à esquerda) depois de sair de Corte Tabelião.

Feito o desvio é tempo de voltar à estrada principal e continuar pela EN 122 em direção a Mértola mas antes de entrar no Alentejo há-de encontrar uma placa a indicar Pereiro. Até esta aldeia são uma dúzia de quilómetros e pelo caminho ainda irá passar pelos povoados de Coito e de Serro da Vinha, onde não vivem mais que uma mão cheia de pessoas. Aqui pouco ou nada há para ver mas a paisagem, essa, vale bem a pena, sobretudo na época das estevas em flor.

Nelson Jerónimo Rodrigues 2012-06-04

Receba as melhores oportunidades no seu e-mail
Registe-se agora