Já os romanos tinham as ostras como uma das iguarias mais apreciadas. Há séculos que os franceses as comem das mais variadas formas, inclusivamente cozinhadas. Nós por cá gostamos delas ao natural com apenas um pouco de sumo de limão ou então passadas pela chapa, o que facilita a sua abertura. A discussão continua depois em saber se deve engolir a ostra inteira ou trincá-la para sentir todo o seu sabor e textura…
Para evitar amargos de boca, compre apenas ostras a profissionais que garantem que estes moluscos foram submetidos a análises de controlo. Não se esqueça também de ver a data de embalagem para garantir que ainda chegam ao seu prato frescas. O ideal é comê-las logo que compradas, no entanto as ostras podem conservar-se no frigorífico até cerca de seis dias.
Diz o povo que não se devem comer ostras nos meses que tenham r no nome, aos quais corresponderia o período de reprodução em que elas se apresentavam mais leitosas. Mas actualmente a tradição deixa de fazer muito sentido devido à prática da ostricultura.
Como a ostra portuguesa conquistou França
Isto de chamar a uma espécie “ostra portuguesa” (Crassostrea angulata)
nem é patriotismo nosso. Foram os franceses que as baptizaram assim, quando as conheceram no século XIX.
Reza a história que seguia em 1886 um navio carregado de ostras de Setúbal com destino a Inglaterra quando, obrigado por uma tempestade procurou refúgio no estuário da Gironda, próximo de Pauillac, na costa oeste francesa. O tempo de espera foi tanto que o comandante do navio, considerando que a carga já não estaria boa, decidiu atirá-la à água. Só que nem todas as ostras estavam estragadas e nas águas da Girona ricas em fitoplâncton nasceram colónias espontâneas de ostras que se estenderam à Bretanha retirando algum protagonismo à variedade local, Crassostrea edulis.
Passaram-se décadas e décadas com as duas espécies a serem exploradas em França sendo que a francesa era consumida pela alta sociedade e a portuguesa servida à mesa do povo. Mas em 1920 uma praga atacou a ostra francesa, salvando-se as portuguesas Angulatas, mais resistentes ao vírus.
Paula Oliveira Silva 2011-08-31