Qual é coisa, qual é ela que abre a porta e nos deixa de água na goela? Não adianta dar muitas voltas à cabeça. A resposta para a charada está bem debaixo do nariz do fogão e é responsável pelos petiscos mais saborosos de que há memória. Na próxima vez que entrar na cozinha, faça uma vénia ao forno. Ele é o génio da culinária e está ansioso por satisfazer todos os seus desejos.
À moda portuguesa
Não será fácil descobrir o inventor do forno, mas depois de contas feitas podemos assumir que Portugal é hoje uma nação graças a ele. Quem não se lembra da pá de Brites de Almeida? Reza a lenda que conseguiu enfiar no seu forno algumas dezenas de espanhóis e assim contribuir para a vitória dos lusitanos, durante a Batalha de Aljubarrota.
Depois de tamanho feito, e nesta história acredita quem quiser, casa de família que se prezasse teria de ter um potente forno para alimentar quem por ali pernoitasse. Hoje, a lenha deu lugar ao gás e o forno tornou-se mais tímido, mais esquecido ali por debaixo do fogão. Mas se lhe falarmos no pão-de-ló da avó ou no cabrito lá da terra, adivinhe quem é o artista?
Em sua homenagem, temos um desafio para lhe propor: dedique um dia da semana à confecção de um prato no forno… Falta-lhe imaginação? Esqueça os livros ou as receitas das revistas. Nas próximas linhas, mente e espírito vão-se encher de ideias… e de gula.
Para começar, há que se dar destaque aos melhores sabores da nossa cozinha. Quem resiste a um bom bacalhau assado no forno com batata a murro ou uns filetes de peixe espada preto? Se quiser continuar no menu do peixe, aposte numa garoupa bem condimentada. Dizem os entendidos que, neste caso, o segredo está nos legumes e na água que envolvem a peça. Quanto mais houver para evaporar, mais suculento se torna.
Raquel Pereira 2011-04-23