Os mariscos da nossa costa

Percorremos o litoral de norte a sul e fizemos um roteiro dos crustáceos e moluscos de Portugal. Para tornar o Verão ainda mais apetitoso.

Num país costeiro o que não falta é bom marisco. Crustáceos, moluscos, bivalves, cada local tem os seus ex libris, por isso, nada como saber o melhor que há para desfrutar em cada região.

Ao sul

A apanha do marisco faz parte da herança cultural algarvia. Os esteiros da ria do Alvor e da ria Formosa são férteis em moluscos e ao longo de toda a costa algarvia os bivalves, como o berbigão, a amêijoa, o lingueirão, os percebes, o mexilhão e as conquilhas, continuam a ser apanhados em bancos naturais fazendo as delícias gastronómicas dos visitantes.

- Amêijoas do Algarve. À Bulhão Pato, à espanhola, em cataplana ou simplesmente ao natural, são um verdadeiro petisco. Na zona de Olhão havia a tradição árabe de confeccionar estes bivalves em cima de uma pedra redonda com caruma de pinheiro a arder. O método, chamado "vila de amêijoas", tem sido “repescado” como tradição pascal nos últimos anos. O famoso xarém algarvio, um caldo feito com amêijoas brancas, toucinho, presunto, chouriço e sêmola de milho é outra iguaria a não perder.

- Camarão da Quarteira. O creme de camarão e a açorda de marisco são pratos algarvios tradicionais feitos com este espécimen. A gamba branca do Algarve é outra especialidade apreciada, assim como as conquilhas, das quais se faz o famoso xarém de conquilhas.

- Lingueirão do Algarve. Também conhecido como canivete, é usado para fazer o célebre arroz de lingueirão. Costuma ser pescado com uma adriça, uma espécie de “pau” metálico que é enfiado nos buracos onde ele se esconde. E a canilha do Algarve? Sabia que pertence a uma família de moluscos marinhos carnívoros? É preferível sermos nós a comê-la a ela, pois…

- Vieiras da ria Formosa. Este bivalve gourmet, parente rico das amêijoas e das ostras, vive em águas profundas, em bancos de areia limpa perto da costa. Os maiores exemplares não ultrapassam os 17 centímetros e levam quatro anos até atingirem o tamanho comercial mínimo de 10 centímetros. Sabia que é o único bivalve migratório e que tem a particularidade curiosa de ser hermafrodita? Pode viver 18 anos e a sua idade conta-se através dos anéis concêntricos das conchas. Consome-se como entrada, mas também em pratos mais elaborados como gratinados servidos na própria concha.

- Percebes das Berlengas e Costa Vicentina. Estes crustáceos que aparecem em “cachos” nas rochas são uns verdadeiros resistentes que vivem expostos à rebentação na base das falésias. Agora que já sabe, pode comê-los com um respeito acrescido. É suficiente cozê-los em água do mar sem muitos temperos. De Sagres para cima também se encontram muitos burgaus ou burriés, pequenos caracóis do mar que vivem entre as rochas e apanham-se na maré vazia. Diz quem sabe que os melhores e maiores são os submersos, apanhados pelos mergulhadores. Apreciam-se ao natural, tal como os percebes.

Bárbara Bettencourt 2009-07-08

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