Hoje em dia, vestir o biquini e ir para a praia é tão natural que quase nos esquecemos que há pouco mais de sessenta anos o acto seria capaz de provocar uma síncope em transeuntes mais incautos dos areais.
Na altura, os bons costumes ditavam vestimentas que tapassem o corpo de forma apropriada, ou seja, o mais possível. A ideia não era bronzear a pele mas sim beneficiar das propriedades terapêuticas da praia. Bronzeados andavam apenas os mais pobres, obrigados a trabalhar de sol a sol. O padrão de beleza era a pele clara a lembrar o marfim.
Terá sido do calor que se fazia sentir ou talvez dos ventos da mudança, o certo é que em 1946 dois estilistas franceses imaginaram, pela primeira vez, um fato de banho de duas peças. O primeiro foi Jacques Heim, que apelidou a sua criação de “atome”. O segundo foi Louis Réard que o concebeu ainda mais pequeno e acabou por ficar com os louros do invento.
Réard tinha noção de que a sua criação era bombástica. Tanto que lhe deu o nome do atol do Pacífico onde na semana anterior se tinha efectuado uma explosão atómica experimental: o atol do Bikini. De facto, a novidade caiu que nem uma bomba. Nas passerelles de Paris o bikini foi exibido no corpo de uma dançarina de casino porque as manequins recusaram apresentar-se em trajes tão menores.
Mostrar o umbigo era revolucionário, mas o certo é que, a partir daquele momento, o tradicional fato de banho completo ficou com um ar ligeiramente demodé. Assim que se chegou a um meio-termo aceitável, com uma cueca mais subida a tapar o umbigo e um soutien com mais tecido, as senhoras aderiram à nova moda em força.
A partir daqui a história é conhecida. À medida que as décadas passavam o tecido do biquini ia diminuindo a olhos vistos. Nos anos 60 a actriz Jayne Mansfield causou escândalo a mostrar o umbigo, mas rapidamente outras divas do cinema seguiram o exemplo, como Brigitte Bardot, Ava Gardner e Ursula Undress.
Essencial nesta biografia é o aparecimento da lycra em 1958. Parece incrível mas até esta altura os humanos viviam sem ela. Os fatos de banho eram pesadões e demoravam horas a secar. Depois da Lycra (d.L) os fatos de banho nunca mais foram iguais.
Apesar disso, há quem diga que o aparecimento da tanga, na década de 80, se deve ao biquini de crochet que estava na moda. Parece que ficava todo torto depois de molhado. Para mantê-lo no sítio, as senhoras apertavam-no de lado com um nó, ficando com um aspecto semelhante à actual tanga.
Bárbara Bettencourt 2009-07-01