Baseamo-nos nas palavras do autor para lhe deixarmos um curto resumo da Lisboa (Baixa, Restauradores e Chiado) de Fernando Pessoa. Neste guia, provavelmente datado de 1925 e apenas ilustrado com uma planta de Lisboa, podemos (re)visitar a capital pelos olhos do poeta e apercebermo-nos de todas as alterações urbanas e reconhecer os locais por ele descritos numa espécie de exercício de regresso ao passado. Bom passeio.
Convidaremos turista a vir connosco. Servir-lhe-emos de cicerone e percorreremos com ele a capital, mostrando-lhes os monumentos, os jardins, os edifícios mais notáveis, os museus – tudo o que for de algum modo digno de ser visto nesta maravilhosa Lisboa.
O nosso automóvel vai andando, percorre a Rua do Arsenal e passa junto à Câmara Municipal, um dos mais belos edifícios da cidade. É notável não só pelo seu exterior como também pelo seu interior e deve-se ao arquitecto Domingos Parente, sendo visível a colaboração de famosos artistas, na cantaria, nas pinturas, etc.
No meio do largo poderemos ver o Pelourinho, muito bem conhecido no estrangeiro; é uma obra-prima do século XVIII, com a forma de uma espiral, feita de um único bloco de pedra.
Chegamos agora à maior das praças de Lisboa, a Praça do Comércio, outrora Terreiro do Paço, como é ainda geralmente conhecida; esta é a praça que os ingleses conhecem por Praça do Cavalo Negro e é uma das maiores do mundo. O lado sul é bordejado pelo Tejo, muito largo neste sítio e sempre cheio de embarcações. No centro da praça fica a estátua equestre de bronze do Rei D. José I, uma esplêndida escultura de Joaquim Machado de Castro, fundida em Portugal, de uma só peça, em 1774. Tem 14 metros de altura.
Do lado Norte da praça, perpendiculares ao rio, há três avenidas paralelas; a do meio parte de um magnífico arco triunfal de grandes dimensões, indubitavelmente um dos maiores da Europa. O grupo alegórico que coroa o arco, esculpido por Calmels, personifica a Glória coroando o Génio e o Valor; as figuras reclinadas, que representam os rios Tejo e Douro, assim como as estátuas de Nuno Álvares, Viriato, Pombal e Vasco da Gama, são da autoria do escultor Vítor Bastos.
Da Praça do Comércio podemos avançar para o centro da cidade por qualquer das três ruas que dali seguem para Norte – Rua do Ouro à esquerda, Rua Augusta (a do arco) ao meio, e Rua da Prata à direita. Escolhemos a Rua do Ouro, que, devido à sua importância comercial, é a principal rua da cidade. Há nesta rua vários bancos, restaurantes e lojas de todas as espécies; muitas das lojas, especialmente para o cimo da artéria, constam ser consideradas tão luxuosas como as suas congéneres parisienses.
2010-11-30