As noites do Cais do Sodré já não são o que eram. Na verdade, mantêm ainda parte da sua matriz porque os “sempre eternos” Jamaica e Tóquio estão lá, sempre iguais a si mesmos, entretendo velhos fãs e ganhando novos.
No entanto, abriu uma nova casa num velho espaço (o antigo Texas) que, em conjunto com o Teatro da Casa Conveniente, veio dar outra cor à movida nocturna da Rua Nova do Carvalho. Há dois anos que o espaço tem vindo a ganhar um fôlego que foi, seguramente, muito além das melhores expectativas da gerência.
O conceito passa por apostar na (boa) música, seja lá de que género for, ainda que no registo dito “alternativo”, longe de fenómenos de massas que enchem os grandes pavilhões. A casa tem sido feita, a pouco e pouco e, com o aumento de público, está cada vez mais ecléctica. As noites começam sempre com um (ou vários) concertos e vão pela noite dentro com DJ’s e VJ’s também para todos os gostos. O Music Box funciona, portanto, como sala de concertos e discoteca – uma das que fecha mais tarde na zona, com excepção para as “after hours” do Europa.
O espaço é um longo “corredor” (não aconselhável a claustrofóbicos) com um enorme pé direito, cujas arcadas de pedra se destacam. O vermelho cereja das paredes, um par de candeeiros invulgares e o palco lá mesmo ao fundo marcam o espaço. O atendimento é rápido e os preços sobem um pouco (apesar de estarem longe de outras discotecas da cidade). A porta tem algumas flutuações mas, regra geral, tenta ser democrática – homens e mulheres pagam os mesmos 8€ à porta, com direito a bebidas. Os concertos são pagos à parte e os bilhetes já se podem adquirir nos locais habituais para outras salas de espectáculos. Um paraíso para músicos emergentes Para além dos nomes mais consagrados, que ficam naturalmente para as sextas e sábados, o Music Box é também uma recta de lançamento para novos músicos e bandas, novos Dj’s, lançamento de novos álbuns e vai apostando igualmente em pequenos festivais temáticos (como o que comemorou os 35 anos do 25 de Abril) ou rubricas que se estendem por alguns meses como Lisbon Calling – uma homenagem ao punk. À porta há normalmente uma fila considerável para a qual é necessária alguma paciência. Há dias em que, para entrar, é preciso esperar que alguém se lembre de sair; e muitos outros em que os concertos esgotam (com lotação para 300 pessoas).
Gisela Pissarra 2009-05-13