A História banhada a ouro, prata e bronze
Mais de 50 mil objetos contam a História do desporto neste museu situado no Palácio Foz, em Lisboa. Dos patins do príncipe Luís Filipe à bota de Cristiano Ronaldo, passando por um autógrafo de Jesse Owens ou pelo primeiro livro de desporto editado no mundo, o espólio recorda os principais atletas e conquistas nacionais, mas também outros episódios e protagonistas de várias modalidades. Eis uma casa com espírito de vitória.
O centenário da participação de Portugal nos Jogos Olímpicos, em 2012, serviu de mote à inauguração do Museu Nacional do Desporto. Desde esse ano que o Palácio Foz, nos Restauradores (Lisboa), serve de morada a um vasto espólio, distribuído por várias salas que expõem todo o tipo de peças, como troféus e medalhas, equipamentos, cartazes, fotografias e até cromos da bola. Juntos ajudam a contar a evolução do desporto português (e não só) com especial destaque para os principais momentos e protagonistas que, aqui, ficarão imortalizados para sempre. Vamos descobri-los.
Objetos e recordações que valem ouro
Embora a bilheteira esteja situada logo à entrada do palácio, o museu propriamente dito fica numa ala mais recatada, virada para o pequeno jardim que, por si só, já merece uma vista de olhos. Para lá chegarmos é preciso subir várias imponentes escadarias que dão um ar ainda mais solene ao espaço, fiel depositário de grandes feitos e recordações. Logo na primeira sala revela-se uma réplica da Taça de Portugal em futebol e lembram-se os primórdios da Volta a Portugal em bicicleta e do Totobola, cujo primeiro concurso foi publicado em setembro de 1961. Logo depois, um livro antigo mostra as assinaturas de vários vencedores dos Jogos Olímpicos de 1936 e, entre elas, está a do norte-americano Jesse Owens, o atleta negro que humilhou Hitler ao conquistar quatro medalhas de ouro.
Nesse mesmo corredor, logo depois de uma montra sobre os desportos de inverno na Serra da Estrela, descobrem-se alguns equipamentos que fizeram história, a começar pelos pés. São os casos da bota de Cristiano Ronaldo (o símbolo CR7 não engana), das sapatilhas de Fernanda Ribeiro ou dos ténis que Nélson Évora utilizou durante os Jogos Olímpicos de Pequim, em 2008, onde conquistou a medalha de ouro. Ali ao lado, também saltam à vista o kimono de Telma Monteiro durante os Jogos Olímpicos de 2012, em Londres, as camisolas de Figo e Peyroteo e uma bola do Euro 2004, assinada por todos os jogadores da seleção nacional. Já Rosa Mota tem direito a uma moldura individual, que expõe a camisola utilizada pela atleta durante os Jogos Olímpicos de Los Angeles, em 1984. Nessa prova, ganhou a medalha de bronze mas quatro anos depois, em Seul, o ouro já não lhe escapou.
O extremo da sala é ocupado por uma embarcação da marca NELO, o principal construtor mundial de kayaks, que fornece a grande maioria dos medalhados olímpicos. Pelo caminho, tempo ainda para observar vários cartazes de competições realizadas em Portugal, como o Euro 2004, o Mundial de juniores em futebol (1991) ou os Jogos Luso-Brasileiros, disputados entre 1960 e 1972. Um património que recupera memórias.
Equipamentos, cromos e cartazes olímpicos
O desfiar de recordações desportivas prossegue noutra divisão, esta em tons de amarelo, que guarda uma série de objetos antigos, como os patins em madeira do príncipe Luís Filipe de Bragança (final do século XIX) ou algumas raquetas que ajudam a mostrar a evolução do ténis em Portugal. A estes juntam-se outros bem mais recentes, caso do equipamento de Vanessa Fernandes, medalha de prata em Pequim, ou da camisola arco-íris de Rui Costa, conquistada nos mundiais de estrada em ciclismo (2013).
O espaço que se segue – a Biblioteca Nacional do Desporto – é outro dos ex-líbris do museu, guardando cerca de 60 mil títulos, desde livros a monografias, passando por vídeos e suportes áudio. Entre eles está aquele que é considerado o primeiro livro de desporto do mundo – De Arte Gymnastica, de Hieronymus Mercurialis -, editado em 1577. Do acervo também fazem parte a grande maioria dos jornais e revistas de desporto publicadas em Portugal.
“O corpo é o primeiro e o mais natural instrumento do ser humano” (Marcel Mauss; antropólogo) é uma das frases que se lê enquanto descemos a escadaria que nos leva a outro conjunto de salas do museu. A primeira, batizada com o nome Mário Moniz Pereira, mostra várias coleções de cromos de futebol, desde os “cigarette cards” (vinham nos maços de cigarros) dos anos 1920-30, aos “cromos dos caramelos” (meados do século passado) que os mais velhos ainda se lembram de encontrar nos rebuçados da Confeitaria Universo. Ao lado, há mais duas salas: uma com dezenas de camisolas da seleção nacional de futebol, como a de Hélder Postiga no Euro 2004 ou de Pauleta no Mundial de 2002 (Japão/Coreia), e outra com mais cromos e um grande troféu – Juan António Samaranch – oferecido a Portugal (em 1982) por ter ganho 12 campeonatos do Mundo em hóquei em patins. Depois disso, o nosso país já conquistou mais dois.
A nossa visita termina num corredor dedicado aos Jogos Olímpicos, com cartazes de todos as edições desde a primeira participação portuguesa, em 1912 (Estocolmo). Entre a comitiva lusa estava Francisco Lázaro, que viria a falecer durante a prova da maratona. Cada cartaz tem o nome dos atletas portugueses (e respetiva modalidade) que, neste museu, serão lembrados para sempre. Vá até lá descobrir as glórias do desporto português.
Museu Nacional do Desporto- Lisboa
Morada: Praça dos Restauradores 25, 1250 Lisboa
Telf.: 21 395 8629
www.ipdj.pt/museu_desporto.html
Distância do Porto: 300 km
Percurso recomendado: A1
Custo das portagens: 15,35€