Museu Nacional do Azulejo - Lisboa

Azulejo, esse desconhecido

Só o edifício, cuja fundação remonta a 1509, merece a visita. Ou mesmo o jardim de inverno, rodeado de verde. Agora que já se convenceu a vir, pegue num audioguia e veja a exposição. O património é valioso e diz muito da identidade portuguesa.

Há quem lhe chame o segredo mais bem guardado de Lisboa. Mesmo descontando um certo exagero a que são dados os lugares-comuns, tem muito de verdade esta afirmação.

A influência mourisca

A primeira surpresa guarda-nos o edifício, a justificar por si só a nossa atenção. O antigo Convento da Madre Deus foi fundado por D. Leonor tinha o século XVI acabado de nascer, sofrendo sucessivas influências arquitetónicas desde então. Foi dos mais ricos de Lisboa, guardando obras de arte valiosíssimas, muitas agora à guarda do Museu Nacional de Arte Antiga.

Logo no arranque da exposição cai por terra a ideia generalizada de que a palavra "azulejo" tem origem em "azul". Na verdade provém do árabe, como atesta o Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa, da palavra "az-zuléid", tendo sofrido umas quantas transformações pelo caminho. E não falta cor aos azulejos de padrões mouriscos que nos explicam as técnicas que remontam à sua origem.

Curiosamente, a azulejaria azul e branca não ocupa um período muito longo", explica a diretora do museu, Maria Antónia Pinto de Matos. "Surge em finais do século XVII, ocupando 25 a 30 anos do século XVIII. Depois dá-se imediatamente o regresso à cor." Mas é nesta fase que surgem grandes superfícies revestidas a azulejo, todas em azul e branco, daí a associação preponderante a estas cores.

A exposição pode ser seguida com um audioguia (existe uma versão em texto e em linguagem gestual) que nos vai conduzindo o olhar. Mostra-nos como o azulejo reflete as influências de outras artes, como a pintura, a joalharia ou a escultura e percebe-se que Portugal não estava isolado de outros países europeus.

Alda Rocha 2012-09-26

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