Museu das Comunicações – Lisboa

Da caixa de correio à mail box

A História das comunicações é contada neste museu através de uma viagem pelas descobertas e tecnologias que conseguiram unir pessoas e ultrapassar a barreira da distância. São quase 500 anos contados com a ajuda dos correios e das telecomunicações numa espécie de ligação direta entre o passado e o presente. O Lifecooler passou por lá e ficou com saudades de escrever uma carta, discar os números do telefone e ouvir um relato na telefonia.

Inaugurado em 1997, o Museu das Comunicações, em Lisboa, junta o espólio confiado pelos CTT, Portugal Telecom e ANACOM à Fundação Portuguesa das Comunicações. A coleção foi crescendo ao longo dos anos e, hoje, este elegante edifício da Rua do Instituto Industrial (entre Santos e o Cais do Sodré) alberga várias áreas temáticas e diferentes exposições. Além das temporárias, com destaque para “O cabo submarino num mar de conetividades”, há também três exposições permanentes: “A Casa do Futuro na Cloud”, “Mala-Posta” e “Vencer a Distância - Cinco Séculos de Comunicações em Portugal”. É esta última que agora lhe revelamos, sob pretexto do Dia Mundial dos Correios, celebrado a 9 de outubro. Siga-nos os passos. Este artigo dispensa selo.

Querida mãe, querido pai, então que tal?

A nossa visita à exposição “Vencer a Distância” inicia-se precisamente pelo núcleo dedicado aos Correios, que começa por recuar até à época dos Descobrimentos, altura em que o serviço postal se torna público e universal. A primeira mensagem de correio marítimo foi escrita por Pêro Vaz de Caminha com uma carta enviada ao rei após a descoberta do Brasil (julgando tratar-se da Índia), pouco antes de ser instituído o Correio das Cartas do Mar. Por terra, a função foi entregue ao Correio-Mor e os carteiros da época eram chamados de postilhões. Estes viajavam a pé ou a cavalo e utilizavam uma trompa para anunciar a chegada à praça principal das localidades, já que ainda não havia caixas de correio ou mesmo moradas postais.

Com o surgimento da Mala-Posta, no século XVIII, o correio passou a ser transportado em carruagens e o primeiro percurso – Carregado/Coimbra - durava cerca de 34 horas. Desse período sobraram muitas histórias, como os assaltos do Zé do Telhado, uma espécie de Robin dos Bosques à portuguesa que chefiava a mais famosa quadrilha do Marão. Este imaginário é recriado ao detalhe na exposição “Mala-Posta” (no rés-do-chão do museu) mas a que agora visitamos também tem direito a algumas réplicas, com destaque para uma carruagem à escala real. Ali ao lado, outra sala conta a história da filatelia e guarda alguns dos selos mais antigos do nosso país, como os “Dona Maria” (com a imagem da rainha D. Maria II) que marca o início do período adesivo em Portugal Continental. Dez anos antes, em 1843, já tinha aparecido o “olho de boi” no Brasil, ainda sob domínio colonial português.

A Mala-Posta só seria destronada com o surgimento da máquina a vapor e, particularmente, do comboio, cuja importância é evocada no museu com a réplica de uma carruagem em escala real. Lá dentro, os visitantes descobrem como funcionava o serviço da Ambulância Postal Ferroviária, autêntico posto de correios sob carris muito importante no início do século XX. Ao lado, um furgão, uma mota e uma bicicleta mostram que os correios utilizavam todo o tipo de transporte motorizado para levar a correspondência a bom porto.

A estas curiosidades juntam-se muitas outras, como a primeira máquina de selos em Portugal (por altura da Exposição do Mundo Português, em 1940), equipamentos mecânicos de separação de cartas, detetores de bombas nas embalagens e até um raro equipamento de correspondência fono-postal que permitia gravar mensagens áudio. Um precioso amigo para quem não sabia ler e escrever mas também para muitos militares do Ultramar que, graças a este sistema, conseguiam ouvir pela primeira vez a voz dos filhos recém-nascidos.

Do telégrafo à vertigem da era digital

O segundo núcleo da exposição é dedicado às telecomunicações mas, antes disso, há ainda uma sala sobre a ANACOM, Autoridade Nacional de Comunicações. Aqui, descobrimos os diferentes serviços regulados por esta entidade, caso dos correios, da rádio, da televisão ou mesmo da Via Verde. Segue-se, então, a viagem pela história das telecomunicações que começa pela telegrafia e prossegue com a área do telefone, a grande invenção de Bell. Além de inúmeros modelos históricos (caso do telefone de Bramão, uma criação portuguesa) expõe também a primeira lista telefónica portuguesa, apenas com 23 nomes.

Com a rádio e a televisão deu-se mais um salto tecnológico, já que os fios deixaram de ser necessários e a comunicação passou a chegar a muita gente ao mesmo tempo, provocando uma autêntica revolução social e cultural. No museu, não faltam sequer um estúdio de rádio e outro de televisão, utilizados, por exemplo, durante algumas atividades do programa educativo. Entre elas estão a Oficina de TV que desafia os participantes a fazerem um programa televisivo, o peddy papper Cidades Criativas, em que se faz o reconhecimento dos objetos da exposição ligados às novas tecnologias, ou a Matemática dos Selos, oficina de introdução ao colecionismo do universo filatélico. (Conheça aqui o programa completo do Museu das Comunicações).

Depois do surgimento dos computadores, em 1945, entra-se numa vertigem digital. Em menos de 50 anos passa-se de uma máquina que pesava toneladas a um pc portátil ou um tablet que cabe debaixo do braço. Nesta zona muitos visitantes irão recordar com saudade os primeiros computadores que utilizaram na juventude, como o ZX Spectrum 48K. De seguida, evoca-se o aparecimento da internet, da videoconferência e do telemóvel, com vários modelos em exposição, incluindo um dos pioneiros que pesava… 5 quilos. Cerca de uma hora e meia depois, a visita à exposição termina junto a um grande painel com palavras-chave da Cloud (permite aceder a grandes quantidades de informação, independentemente do lugar e da plataforma) como apps, smartphone correio electrónico, storage, datacenter, IP, Remote Desktop ou SaaS. Conhece-os todos? Bem-vindo(a) à era digital.

Nelson Jerónimo Rodrigues 2015-10-05

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