Em terras de pão, as migas e açordas por si só, ou na companhia de uns peixinhos fritos, de uns enchidos ou de umas febras constituíam uma refeição simples, saborosa e barata.
Típicas da zona fronteiriça são as migas da cubeira: pão esfarelado, alho, azeite e ovos. Na Atalaia, fazem umas migas esturricadas, que juntam ao pão tiras de presunto, rodelas de chouriço e, por cima, ovos estrelados. Na altura da matança, nos dias em que se faziam os enchidos, os trabalhadores misturavam as sobras e faziam as migas de farinheiro.
Por toda a Beira, com um pouco de bacalhau, azeite e pão como ingredientes básicos preparam-se deliciosas migas e açordas do antigo fiel amigo: numas terras levam ainda grelos cozidos e ovos escalfados como as migas tostadas de Idanha, noutras junta-se tomate e sai uma açorda, ou acrescenta-se grão ou ovos estrelados. Mas as mais apreciadas são talvez as migas lagareiras, e entre estas as “à moda de Lafões”. Tradicionalmente estavam associadas à prova do azeite novo e eram feitas com couve, batatas, broa de milho, azeite e, claro, bacalhau. Em Lafões, colocam-se num tacho de barro preto camadas alternadas de bacalhau e couve portuguesa que cozeram juntos, fatias de pão de trigo muito finas, regando cada camada com azeite, a água de cozer o bacalhau e alho. Leva-se ao forno.