Mel alentejano

Doce como... o Alentejo

Das flores e plantas que perfumam o montado e as serranias alentejanas nasce um dos produtos mais puros da região. Comido à colherada, barrado no pão ou utilizado na doçaria, tem cor de ouro e sabor a lua... de mel.

Tal como as gentes alentejanas, que foram buscar a alma da sua gastronomia às ervas aromáticas e alimentares, também as abelhas souberem aproveitar o melhor da flora que nasce espontaneamente na região. A ela se devem as características principais do mel - cor, aroma e sabor - que determinam as cinco variedades deste “néctar” produzido no Alentejo: quatro monoflorais, ou seja, feitas a partir de um só tipo de flor dominante, e uma multifloral, com pólen de várias espécies.

Entre as primeiras, o mel de rosmaninho é o mais comum, distinguindo-se pela cor clara e pelo aroma e paladar fino e leve. No entanto, também se produz mel de laranjeira, com sabor delicado e o aroma característico da fragrância das laranjeiras; mel de eucalipto, de paladar pronunciado e forte; e mel de soagem, mais escuro e que tem grande tendência para cristalizar.

Já o monofloral é proveniente de zonas onde não predomina nenhuma espécie, embora deva apresentar obrigatoriamente mais de 5% de uma das seguintes plantas: esteva, sargaço, rosmaninho, soagem, eucalipto, cardo, tomilho, laranjeira e alecrim. A cor varia entre o âmbar claro e o âmbar escuro, enquanto o aroma e o paladar são ricos, perfumados e profundos.

Uma colherada de história

Apreciado milenariamente pelo seu sabor único e propriedades medicinais, o mel tem também uma longa tradição no Alentejo. É possível que a apicultura na região (tal como no resto do país) remonte à época dos romanos, para quem este produto era considerado um autêntico “néctar digno dos deuses”.

Da Idade Média chegaram relatos dos privilégios reais concedidos ao chamados “abelheiros”, nomeadamente em Serpa, onde foram criadas áreas próprias para esta actividade. Nessa época, os enxames eram geralmente colocados em troncos de árvores vazios, mas nas terras mediterrâneas havia um produto perfeito para instalar as “casas” das abelhas: o cortiço do sobreiro. E sobreiros foi coisa que nunca faltou no Alentejo...

Entretanto, os enxames “mudaram-se” para caixas de madeira com quadros móveis (que facilitam a retirada dos favos), mas a forma tradicional de produção pouco se alterou. Primeiro, o mel é separado da cera, depois são filtradas as impurezas e, finalmente, basta guardá-lo num pote de barro ou num frasco de vidro.

Nelson Jerónimo Rodrigues 2010-08-09

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