La Crêperie da Ribeira – Lisboa

Madame galette e monsieur crepe: o par francês que conquistou Lisboa

Ela é salgada e tem origens na Bretanha, ele é doce e inseparável do imaginário parisiense. Dois tipos de crepes genuínos que fazem as delícias de quem passa pela Crêperie da Ribeira, junto ao Cais do Sodré. Simples ou recheados, originais ou inspirados em Portugal, como brunch, refeição completa ou sobremesa há crepes para todos os gostos neste cantinho lisboeta com perfume francês.

Quem já foi a Paris e teve vontade de comer um crepe que levante o dedo! E porque não em Lisboa? Ana Sofia Oliveira, nascida e criada em terras gaulesas, e o marido Ivo, sabiam que a capital portuguesa precisava de uma creperia francesa genuína. Um espaço onde matassem saudades de outros tempos e que, ao mesmo tempo, mostrasse aos lisboetas que há mais vida para lá dos crepes doces, sobretudo aqueles de supermercado, que vão ao microondas e já está.

As galettes, crepes salgados com origens na região da Bretanha, são a grande sensação da Crêperie da Ribeira e surpreendem tudo e todos pela sua versatilidade. É que além de serem mais saudáveis e estaladiças (graças à farinha de sarraceno, biológica e sem glúten) podem servir de base a mil e um recheios ou acompanhamentos. Quem diria que a leveza desta “spécialité française” combina bem com a portuguesíssima alheira? A prova segue dentro de momentos mas antes vamos conhecer melhor este espaço, inaugurado em setembro de 2013.

Um je ne sais quois de café parisiense

Numa esquina da Rua da Moeda com a Rua D. Luís I, a Crêperie da Ribeira ocupa uma área pequena mas cheia de luz, graças às várias portas envidraçadas que compõem a fachada do edifício. Quando o tempo está bom, estas abrem-se de par em par, arejando a casa e convidando a entrar quem passa no passeio. Lá dentro salta à vista uma parede decorada com partes de paletes, conferindo um ar levemente industrial ao edifício.

Um mapa antigo de França, um espelho longilíneo e um candelabro vintage compõem o resto do espaço, ocupado por uma dezena de mesas, cada uma com a sua jarra de flores. Estamos em Lisboa, numa encruzilhada entre o Cais do Sodré, a Bica e Santos, mas certamente que a casa não deslustraria em qualquer bairro típico francês, como Montmartre ou Marais.

O ambiente é totalmente descontraído e informal, resultado de um misto curioso de estudantes (em redor há, pelo menos quatro faculdades), turistas e empregados de escritórios que aproveitam os meus de almoço. Mas também há quem vá lá de propósito só para provar os afamados crepes franceses. Por certo que a viagem não é mal empregue.

França no Prato e Portugal no copo

Já sentados à mesa e com a ementa na mão, lemos na primeira página uma frase que dá o mote à casa: Nourris bien ton corps, ton âme y resteras plus longtemps (Nutre bem o teu corpo, a tua alma ficará lá mais tempo). Trata-se de um antigo provérbio da Bretanha, região do norte de França onde nasceram as galettes.

Na Crêperia da Ribeira há mais de uma dúzia de versões à escolha - mantém-se a base, muda o recheio/acompanhamento -, como a Forestière (peito de frango, cogumelos salteados e queijo emmental), a Campagnarde (batatas e cebolas salteadas, bacon e ovo) ou a vegetariana Ratatouille. Curiosamente duas das mais procuradas são reinterpretações com alma lusa, a Portuguaise, com alheira, ovos mexidos e salsa, e a Brás, recheada com bacalhau salteado, batata palha e ovo.

É claro que os crepes doces também não podiam faltar e, mais uma vez, há muito por onde escolher. Tal como antes, aos clássicos franceses, como o Crème de Marrons (creme de castanha com baunilha) ou o Caramel beurre salé (caramelo de manteiga caseiro) juntam-se outros de inspiração nacional, caso do Madeira, com banana e mel de cana, ou do Açores, coroado por queijo de S. Jorge e ananás D.O.P.

França no Prato e Portugal no copo

Os crepes são, indiscutivelmente, as estrelas da companhia mas quem quiser variar também tem à disposição várias alternativas, como tábuas de queijos e enchidos franceses, saladas, baguetes e croques (tostas quentes). Já entre as bebidas não faltam os vinhos (estes exclusivamente portugueses), os sumos naturais e a sidra, que os franceses dizem ser o acompanhamento ideal das galettes.

A Crêperie da Ribeira está aberta das 9 da manhã à meia-noite e tem várias propostas para cada momento do dia, como o menu pequeno-almoço leve, o brunch (também disponível aos dias de semana) ou o menu de almoço (este só de segunda a sexta-feira) que varia entre os 8€ (galette, crepe doce e bebida) e os 6€ (sem crepe doce). Mas é claro que qualquer hora é boa para comer um crepe. Seja em Paris, na Bretanha ou, claro, ao virar de uma esquina no Cais do Sodré.  

Nelson Jerónimo Rodrigues 2014-03-19

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