Kababayan Restaurante - Lisboa

Um cantinho filipino em Campolide

Depois de meia dúzia de anos a trabalhar em restaurantes portugueses e italianos, o filipino Peter Flores decidiu fixar-se por conta própria e dar a provar as iguarias do país natal. Kababayan, palavra que significa compatriotas, foi o nome escolhido para batizar este espaço onde os filipinos sentem-se em casa e os portugueses viajam até ao outro lado do mundo. 

Quando chegou a Portugal em 2000, Peter Flores estava longe de imaginar que, 14 anos depois, teria o seu próprio restaurante e seria um autêntico embaixador das Filipinas em Portugal. Ao início fez de tudo um pouco e só em 2006 passou a estar ligado à área da restauração, primeiro como ajudante na Lusitana, depois no antigo Zucco e, por fim, já como responsável de cozinha do Trattoria, um dos mais afamados restaurantes italianos em Lisboa.

A certa altura colocou-se a questão: “E porque não ter o meu próprio restaurante e servir comida do meu país”? Dito e feito. Com a ajuda da família e de alguns kababayans (compatriotas) abriu portas na rua Marquês de Fronteira nº173 (Campolide) em dezembro de 2013. Hoje é um ponto de encontro de culturas que faz da gastronomia um (saboroso) pretexto para descobrir as Filipinas.

Luz, cor e festa, à imagem das Filipinas

Discreto por fora e por dentro o Kababayan faz questão de mostrar a sua alma filipina embora sem grandes exageros. A decoração é composta sobretudo por cartazes turísticos que revelam a beleza deste recanto asiático mas também há alguns objetos típicos, como um carro de lata ou leques tradicionais, a darem um toque exótico ao espaço. É claro que não podia faltar a bandeira das Filipinas, país composto por 7107 ilhas que fica a mais de 13 mil quilómetros de Portugal.

Na sala de refeições, com capacidade para 40 pessoas, salta à vista o azul marinho das paredes, em contraste com o branco dos tetos e o vermelho do chão. Uma grande superfície envidraçada enche esta área de luz natural enquanto o bar (junto ao balcão principal) fica num recanto mais resguardado. Do lado oposto estão as mesas do bufete, o local do restaurante mais concorrido à hora do almoço.
O ambiente é bastante familiar (ao chefe Peter Flores junta-se a mulher e os filhos) e a clientela é muito heterogénea mas em alguns fins-de-semana o Kababayan torna-se ainda mais especial, quando a comunidade filipina transforma parte do espaço num pequeno salão de festas com trajes e músicas a condizer. Mas isto não quer dizer que o restaurante fique reservado, antes pelo contrário. Todos são bem-vindos e quem quiser também pode juntar-se ao convívio.

Troika de sabores: Filipino, italiano ou português?

Ao almoço é servido um bufete livre que já conquistou muitos clientes incondicionais, seja pela variedade e diversidade da comida, seja pelo preço: 4,99€ (preço promocional) sem bebidas e sobremesas mas com carta branca para repetir as vezes que quiser. Ao jantar o serviço é à carta mas os valores continuam em conta, a rondar os 10/15€.

Na ementa não faltam pratos portugueses e italianos - desde pregos no prato e bifes da vazia a risotos e pastas – mas a graça é, sem dúvida, experimentar a gastronomia tipicamente filipina. Para uma experiência total não deixe de provar uma sopa – Pansit Sabaw with Hipon (massa frita com caldo e camarão) ou Arroscaldong Manok (caldo de arroz com frango) – e também não salte as entradas, com destaque paras os Shangai Karne o Gulay (crepes de carne ou legumes).

Os pratos principais são ainda mais surpreendentes. Nas carnes pode contar com Calderang Kmbing (caldeirada de cabra), Adobong Manok o Baboy (carne de frango ou porco com molho de soja e tamarindo) ou Kare Kare (ossobuco com molho de amendoim e couve). Nos peixes o robalo é rei e senhor, seja na versão Rellenong (recheado) ou Daing (aberto frito). Podem não ser fácil de ler e pronunciar mas lá que sabem bem, sabem…

Por enquanto ainda não há bebidas filipinas mas as sobremesas voltam a ser genuinamente asiáticas. Por isso, não deixe de guardar um cantinho no estômago para o Puto Cotynta (arroz em pó com gelatina coberta de coco) ou para o Brazo Mercedes, rolo típico de claras e leite condensado. Doce, simpático e atencioso é também o atendimento, sempre com sorriso à boa maneira filipina. 

Nelson Jerónimo Rodrigues 2014-03-05

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