Aos 126 anos de idade, o Zoo de Lisboa está com mais vida do que nunca. São tantas as espécies em exposição que podemos descobrir um animal diferente todos os dias, agora sem jaulas ou grandes barreiras. Tão perto, tão perto, que arriscamo-nos a ser beijados por um leão-marinho ou a sentir na pele a textura de uma serpente...
“É o fungágá... fungágá da bicharada... lá, lá, lá, lá, lá, rá, lá, lá, lá...”. Com a letra bem decorada e o ritmo mais ou menos afinado, esta foi a música escolhida por um grupo de crianças que esperava impacientemente pela abertura das bilheteiras do zoo. No relógio, faltavam poucos minutos para as 10 da manhã, mas o som dos animais que chegava do interior espicaçava ainda mais a curiosidade dos pequenos.
Lá dentro, esperava-os um espaço totalmente diferente daquele que os pais e os avós descobriram quando tinham a mesma idade, já para não falar do primeiro parque, inaugurado em 1884 nos terrenos de São Sebastião, hoje ocupados pelos jardins da Gulbenkian.
Nessa altura, o rei D. Fernando II e o poeta (e zoólogo) Barbosa du Bocage foram alguns dos principais entusiastas do projecto. Se hoje estivessem vivos, certamente ficariam deslumbrados com os mais de 2000 animais de 364 espécies que habitam o mais antigo jardim zoológico da Península Ibérica e um dos maiores parques temáticos do mundo, transferido para a actual localização (Quinta das Laranjeiras) em 1905.
Uma nova espécie de zoo
Não é por acaso que um dos slogans do parque desafia os visitantes a descobrirem “o novo jardim zoológico de sempre”. De facto, foram muitas as alterações realizadas nos últimos anos, sempre com o objectivo de criar um habitat o mais natural possível para os animais.
É o que acontece, por exemplo, no Templo dos Primatas, que em vez de intimidadoras grades tem agora uma grande área verde onde podem fazer as suas macacadas à vontade. “E os chimpanzés ou os gorilas não saltam para o lado de cá?”, pergunta uma criança ao pai, também ele de sobrolho franzido a denunciar a mesma dúvida. Mas não há razão para qualquer receio, quanto mais não seja porque estes inquilinos preferem passar o dia a catar-se e a comer bananas do que a aventurem-se num fosso de água gelada.
As girafas, os rinocerontes brancos e as zebras também já têm uma “casa” renovada, mas a última novidade é mesmo a nova instalação das chitas, uma das espécies mais ameaçadas do planeta, que podemos observar pela primeira vez no zoo de Lisboa.
Nelson Jerónimo Rodrigues 2010-09-29