“In” Campo de Ourique

Caminhos tecidos entre o antigo e o moderno

Vêem-se pelas várias montras, de todos os géneros, cores e feitios e quem precisa de têxteis, passa obrigatoriamente por lá. Em Campo de Ourique há “trapinhos” para todos os gostos, usos e ocasiões. E há muito que assim é. Mas no meio das lojas mais tradicionais, há agora um lado mais moderno a despontar, que parece conviver em plena harmonia com as mais antigas lojas de referência. E para quem gosta de fazer compras ao ar livre é, sem dúvida, um local a visitar.

Reviver o passado em...

À entrada do bairro, na Rua Ferreira Borges, nada parece ter mudado. Se nos ficássemos pela rua direita e ladeada por árvores frondosas, pensaríamos que o tempo não deixou marcas por ali nas últimas décadas.

Na esquina com a Rua de Campo de Ourique, vemos a discreta entrada da loja de tapetes. Antigamente, servia de depósito à “Fábrica Lídia” e recebiam a produção de uma actividade que se iniciou em 1929. Vale a pena entrar, nem que seja para ser surpreendido.

De fora não se percebe o espaço imenso, com tapetes clássicos e modernos, esticados ao longo das paredes, que nos levam os olhos até ao tecto de pé alto, coberto de frescos à espera de recuperação. E nota-se imediatamente um estilo de atendimento em vias de extinção, feito à moda antiga, e talvez isso explique o facto da clientela se fidelizar e passar testemunho de geração em geração.

Olhando para o outro lado da rua, a montra repleta de louças, panelas e os utensílios pendurados à frente da loja fazem-nos pensar se ali se parou no tempo. Esta loja sem nome, onde tudo se encontra e toda a gente ainda vem comprar, é a mesma de há pelo menos 60 anos. É preciso encolhermo-nos para entrar e, no espaço mínimo onde nos movemos, um senhor de idade atende clientes há pelo menos tantos anos quanto a loja tem.

Seguimos paralelamente aos trilhos do típico eléctrico que ainda serve o bairro. As lojas de móveis e decoração abundam nesta zona, intercaladas por lojas de roupa de marcas de prestígio. Mais ou menos a meio, descobrimos a entrada de uma mercearia à antiga. Na “Mercearia Celta”, António Fonseca já serve há 60 anos e a loja já ultrapassou os 70. Aqui até os rebuçados estão expostos à moda antiga, dentro de frascos que nos remetem imediatamente para a infância. “Antigamente toda a gente se conhecia”, diz-nos. “Agora é diferente...”.

Um bairro de prestígio

Com esta frase a ressoar, seguimos em direcção ao interior das labirínticas ruas que desembocam no Jardim da Parada. À sombra das árvores do jardim, encontram-se várias gerações. E o burburinho das vozes e gritos infantis, enquadra-se bem entre as conversas à beira do lago e as partidinhas de tabuleiro dos mais velhos.

Pelo caminho encontramos o “Baú”, uma loja de roupa em segunda mão, na Rua Infantaria 16, que parece ser feita de memórias perdidas de outros tempos. Entre senhoras sentadas a conversar, encontram-se peças vintage e autênticas relíquias deixadas por “madames” a quem o glamour do passado já não serve. No final, a loja ainda favorece o movimento humanitário do Rotary Clube de Lisboa.

Mariana Mata 2009-09-02

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