Hotel Rural Refúgio da Vila - Portel

Dentro da vila de Portel há um hotel rural onde as tradições culinárias não foram esquecidas, à boa maneira do Alentejo.

No início era só mais uma enorme casa apalaçada com cavalariça, quintal e tudo mais que qualquer família abastada tinha na época, exceptuando o brasão. Vista da rua, continua a manter a sua traça de solar, apesar de ser hoje ser um hotel rural. Sensivelmente a meio da fachada, encontra-se a entrada pequena mas acolhedora, afinal, no século XIX os salões situavam-se no primeiro andar.

Atravessa-se a umbreira da porta e, olhando para a esquerda, vê-se o restaurante que causa boa impressão por ser amplo, com o pé direito elevado e o tecto em forma de abóbada. Dá ares que ali poderia ter sido a capela da casa, mas não, até porque em tempos idos, o espaço dividia-se entre a adega e cavalariça. As mesas distribuem-se por dois patamares separados por um corrimão de ferro e cada uma tem o seu candeeiro próprio, que lhes confere uma atmosfera mais intimista. Ao entrarmos, passamos junto às portas da cozinha onde se encontra o bufete das sobremesas. De soslaio, olhamos gulosamente para as sericás, farófias ou bolos de requeijão. Coisas boas que dão água na boca. No menu, não faltam os melhores pratos regionais, como castanhas com cogumelos e linguiça, açorda de cação, migas da matança com carne do alguidar e feijoada do montado (com javali). De volta ao hall, sobe-se as escadas chega-se ao patamar do primeiro andar. Com atenção, observa-se tudo à volta e, mesmo sem se possuir grandes conhecimentos de história da Arte, aprecia-se.

Os antigos donos tinham sensibilidade artística apurada, ao ponto de revestirem as paredes, do chão ao tecto, de frescos, onde se retratam cenas quotidianas do campo, tal e qual como se de uma capela toscana renascentista se tratasse. O chão em xadrez contrasta bem com o branco alvo das porta em arco. À volta das escadas, está nobre corrimão de ferro forjado.

Finalmente chega-se aos quartos, decorados dentro da temática rural mas sem exageros. São sóbrios e se tiver a oportunidade de ficar no 21, terá garantida uma boa vista para o jardim. Caso fique noutro da fachada frontal, então é Portel que se tem por cenário.

Avança-se pelo corredor da direita até se encontrar o salão de jogos, onde a mesa de snooker é o centro das atenções. Na porta em frente, encontra-se a ampla sala de estar com vários sofás dispostos em U, a mesa de centro sobre um tapete de sarapilheira e um jarro de flores secas.

Nas paredes, alguns quadros de cavalos lusitanos mantêm o ambiente rural e do lado direito, está a pequena estante biblioteca onde ainda se encontram alguns clássicos de ficção, para ir distraindo o hóspede.


REPORTAGEM ACTUALIZADA EM DEZEMBRO DE 2009

N'Dalo Rocha 2002-07-09

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