O Hotel Rural de Valmonte nasceu da recuperação de um antigo ermitério. Desses tempos herdou a fachada imponente, os corredores labirínticos, as portas de madeira baixas e largas e até o talento dos monges para a cozinha. Não fossem as cadeiras Philippe Stark e os candeeiros da Kartell e ia jurar que viajou no tempo, até ao século XVI. Isso e as mordomias…
Foi o primeiro hotel de Borba a receber a classificação de imóvel de interesse turístico. Facilmente se percebe porquê. O espaço foi adquirido pela família Lourenço, em 1999, e encontrava-se em ruínas. O projecto de recuperação levou seis anos.
Quando finalmente abriu as portas como hotel rural em Junho de 2006, o proprietário havia reposto as ombreiras originais das portas – entretanto perdidas –, descoberto e restaurado a colunata e a capela do século XVI que se julgavam desaparecidas, e coberto com mármore de Estremoz todas as casas de banho e com tijoleira de Évora todo o chão.
Stark e o século XVI
O ambiente é sóbrio. A decoração nem tanto. Impera o mobiliário antigo, de aspecto pesado. Mas este é pontualmente compensado com detalhes de design contemporâneo. São exemplos os candeeiros da Kartell que encontra em todos os quartos, as cadeiras Phillipe Stark junto às secretárias ou os dois grandes espelhos, assinados também por este famoso designer, que encontra na sala comum, o Salão das Delícias. Tudo é feito com requintes… mas sem a malvadez.
Também a arte nas paredes o traz de volta para o século XXI. Seja o quadro Jardim das Delícias, assinado pela artista Pedro Portugal, e que encontra em frente à majestosa lareira da sala comum. Esta pintura abstracta recupera a peça homónima de Bosch, também em esquema de tríptico. Seja o trabalho A Condição Humana que recria A Última Ceia de Da Vinci e é assinado pelo pintor espanhol Jesus Martinez. Este foi feito especialmente para o Hotel Rural de Valmonte e está exposto no restaurante do hotel, o Távola.
Andreia Melo 2010-03-01