À chegada
O nome pode enganar um pouco. É que de Santarém ao hotel ainda são 10 km. Mas seguindo as placas da estrada, torna-se muito fácil chegar ao local. Rodeado de campo por todas as partes, até se torna resistente à chegada do asfalto. Que não haja preocupações com o facto, pois a terra batida é compacta e tendo-se algum cuidado, não danifica o automóvel.
O hotel não é muito grande. Formado por duas alas, fica o salão e o restaurante na antiga corte lateral e na mais moderna, situam-se os quartos. De noite, dá gosto olhar para o céu. As estrelas brilham e, com sorte, ainda se vê alguma cadente, mesmo a tempo de pedir um desejo. Neste quadro campestre, vai-se até ao jardim e apuram-se os ouvidos para escutar os barulhos do campo. Cigarras e grilos marcam o compasso numa orquestra natural, que não necessita de maestro. Após uma leve chuva, ainda se cheira a terra molhada. Um perfume natural para abrir o apetite mesmo antes do jantar.
Jantar com cultura
O restaurante é o local mais acolhedor do hotel, provavelmente pela localização. Aí, há mais de 200 anos, existiu um lagar de vinho. A decoração é rústica. Móveis de madeira, armários com pratos de porcelana, candeeiros de ferro fundido que pendem do tecto e castiçais com velas. Dá até um ar intimista. A carta é diversificada e opta-se por entre pratos de peixe e carne, assim como a boa comida ribatejana.
Depois do jantar por vezes há surpresas, pois os proprietários preocupam-se com a dinâmica cultural e gostam de organizar tertúlias sobre poesia ou fado. O truque é deixar-se ficar na sala e esperar que os artistas entrem em cena. E não será de menos aproveitar para degustar um digestivo que ajuda a quebrar o gelo nas conversas que se formam com os restantes hóspedes. Nos dias mais frios é a lareira que também vai fazendo companhia, espalhando o calor pelo amplo salão.
Mas, para aqueles que não dispensam a privacidade o jantar pode ser tomado na sala reservada, que também serve de salão de jogos. Uma alternativa à televisão.
N'Dalo Rocha 2003-02-17