Hospedaria Convento de Tibães - Braga

Na paz dos monges

As paredes do mosteiro protegem o visitante da agitação exterior e até os telefones perdem o poder por estas paragens. A tranquilidade parece assegurada mesmo para as almas mais inquietas que se queiram refugiar na leitura ou aproveitar para descobrir a história de um edifício que teve uma importância indiscutível. Estando o espírito saciado, o Restaurante L'Eau Vive satisfaz as necessidades mais terrenas.

Há quem estranhe a irregularidade das pedras até à entrada, boa metáfora da agrura dos caminhos monásticos de outras épocas. Mas a maioria apreciará por certo a autenticidade do percurso, sacrificando o arrastar da bagagem. Para trás fica a grande porta de madeira, vencida com chave de peso, e, num Inverno que não conhece chuva, ainda há espaço para sentir o frio austero da noite, sob um céu só possível longe de grandes iluminações.

Estamos no Mosteiro de S. Martinho de Tibães mas nestes tempos o acolhimento está entregue a mãos femininas, fazendo jus ao "convento" que batiza a hospedagem. São irmãs da congregação francesa Donum Dei que gerem a hospedaria, assegurando a quase totalidade das tarefas, desde a limpeza às refeições. As antigas alas do noviciado e do hospício - sítio onde se dá hospedagem gratuita - foram transformadas para receber os atuais visitantes.

Desde 2010 que as obras desta ala foram concluídas, numa das últimas transformações do Mosteiro de Tibães, na sua longa e sinuosa história, desde a fundação, findava o século X e começava a despontar o século XI. Chega mesmo a conhecer uma importância sem disputa quando nasce a Congregação de S. Bento de Portugal e do Brasil. Casa-mãe de todos os mosteiros beneditinos, torna-se um dos mais ricos e poderosos mosteiros do Norte do país e não apenas pelas razões mais imediatas.

É um edifício imenso, que a atenta visita guiada ajuda a descobrir, e tão relevante que teve um papel crucial a fazer escola, influenciando arquitetos, mestres pedreiros, carpinteiros e muitos outros artífices, no século XVII e XVIII. Escolher pernoitar protegido pelas suas paredes é também sentir de perto esta herança e garantir longos passeios, na vasta extensão de terras que constituem a propriedade rural, a apenas seis quilómetros de Braga.

Alda Rocha 2012-03-07

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