Agora que os festivais se tornaram montras das marcas, A Gaja sonha com um festival mais popular, sem selfies mas com bifanas e música pimba. Qualquer semelhança com as festas de aldeia não é coincidência.
Nunca fui a um festival à séria, daqueles que é preciso levar tenda, mochila, camping gas, latas de atum, lanternas e grades de cerveja. Só frequentei os Rock in Rio e Alive desta vida e - confesso - nunca me diverti à séria. Por vários motivos, a maioria dos quais que não importa aqui enumerar, mas sendo o principal o facto da malta ir para este tipo de eventos com um pau (e não é de selfie) enfiado no recto e estar mais preocupada em ver, ser vista, ganhar cenas à borla e tirar selfies do que em ouvir música.
Por isso, urge fazer um festival de música pimba. Três dias de "aperta com ela", "encaixa, baby, encaixa" e "quem será o pai da criança". Três dias em que o pessoal, qual suprassumo dos guilty pleasures, se uniria num gigante comboio bêbado, a gritar os grandes hits da música ligeira nacional, sem ligar a "likes" no Facebook, ao que está a dar no palco secundário ou em fingir que sabe a letra daquela banda de garagem nórdica de quem ninguém nunca ouviu falar. Um festival onde a malta tivesse verdadeiramente vergonha de tirar uma selfie.
Um festival pimba. Um momento de redenção, de união. De jolas e bifanas no pão. Eu pimba, tu pimba. Nós pimba?
A autora e a página
"A Gaja" é uma página de entretenimento criada por Raquel Costa em fevereiro de 2014. Ela não tem papas na língua (fala de assuntos que muitos preferem ignorar) e não vai em falinhas mansas. É impiedosa, inteligente, direta. As suas dicas pretendem ajudar rapazes e raparigas a acertar agulhas. Em junho de 2015 publicou o livro A Gaja.
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Por Raquel Costa