Matéria-prima da posta
Até o mais inapto dos gastrónomos consegue distinguir o sabor e a consistência de um frango de campo e de um congénere de aviário. Com o gado bovino passa-se o mesmo. Só por milagre é que uma rês criada em estábulo e alimentada a ração poderia dar uns bifes tão saborosos como os provenientes de um animal criado em liberdade. Mas a carne da raça mirandesa, podendo comer-se de muita e variada maneira, parece ter sido «inventada» para ser servida sob a forma de posta. É exactamente disso que se trata: um naco de carne que parece ter sido cortado de qualquer maneira e que se serve mal passado, depois de ter ido à grelha. A razão é simples: a carne é de tal forma saborosa que basta um tempero ligeiro, à base de sal, para poder vir à mesa. Raça protegida, percorre o planalto mirandês, desde o tempo em que cristãos e mouros andavam desavindos e resolviam as suas divergências à espadeirada. Tem como companhia outra espécie notável e, como ela, candidata a melhor amigo do Homem: o burro mirandês, peludo, dócil, resistente e esperto. Frase «Animais de grande corpulência, pelagem castanha, cabeça pequena, com uma marrafa saliente de pêlos alourados, olhos e focinhos negros, cornos revirados para cima, tronco comprido, largo e musculado e membros bastante fortes». Carcterização da raça feita pela Cooperativa Agro-Pecuária Mirandesa Curiosidades Para além da posta – A posta mirandesa é grelhada, tendo como único tempero o sal que realçar o sabor do prato. Com carne mirandesa fazem-se, também, a vitela assada no forno, os bifes à Alto Douro e a vitela entronchada à transmontana. As partes menos nobres não se perdem, integrando outros pratos regionais caso de cozido nortenho e do cozido à portuguesa, sem esquecer os estufados. Companheiro à altura – O gado mirandês tem um companheiro pelo menos tão antigo como ele. É o burro, também mirandês. Distingue-se pelo castanho do pelo que, nos animais jovens, é muito comprido, começando a cair ao fim de um ano. São animais muito bem adaptados ao rigoroso clima mirandês e que, durante séculos, foram os companheiros dos agricultores. Esta raça esteve em risco de extinção tendo a AEPGA, Associação para a Protecção e Estudo do Gado Asinino, desenvolvido, nestes últimos anos, um trabalho notável de preservação. Organiza, inclusivamente, passeios pelo planalto mirandês, alguns dos quais pensados especificamente para as crianças. Território – Legalmente falando, a área geográfica de produção está circunscrita aos concelhos de Bragança, Macedo de Cavaleiros, Miranda do Douro, Mogadouro, Vimioso e Vinhais. Informações Sobre a raça e a carne: www.mirandesa.pt Portal de Miranda do Douro: www.mirandadodouro.com AEPGA Associação sem fins lucrativos que tem como finalidade a protecção e promoção do gado asinino, em particular da raça autóctone das Terras Mirandesas www.aepga.pt