EXPERIÊNCIA #85 - Ovos Moles

De comer e chorar por mais

Um saboroso doce regional apresentado de forma original, desde barricas de madeira pontada, até invólucros de massa, figurando peixes, amêijoas ou barcos.

Aqui está um caso em que a embalagem vale tanto ou mais que o conteúdo. Como os ovos-moles, doce típico de Aveiro, têm a consistência de um creme, ao longo dos tempos foram-se inventando diversas formas de apresentar este saboroso doce conventual. Uma é dentro de barricas de madeira, de tamanho variável, pintadas com motivos regionais, de barcos moliceiros a pescadores e afins. Outra, não menos original, é envolver o doce em hóstia, ou seja, massa muito fina de farinha de trigo, moldada das mais diversas formas. E assim, à maneira dos doces algarvios multiplicam-se os desenhos: peixes, amêijoas, barcos, barricas...
Encontram-se à venda um pouco por todo o lado na cidade e seus arredores, áreas de serviço da A1 e A29 incluídas. Contudo, para os verdadeiros apreciadores, nada substitui as pastelarias do Rossio de Aveiro, entre a Praça Humberto Delgado e o Canal. Ir lá é oportunidade para, além do mais, apreciar um dos mais interessantes conjuntos de arte nova portugueses, com a assinatura de Ernesto Korrodi e outros arquitectos.

CURIOSIDADES

O segredo está na cozedura – Diz-se que o segredo não está tanto nos ingredientes com que se fazem os ovos-moles (açúcar e ovos na proporção de 1 para 2) mas na forma de mexer a mistura enquanto vai ao lume. Ou seja, não se pode mexer em círculo para a massa não estriar. Há quem, para efeitos industriais, misture farinha de arroz ou água de lavar o dito. Mas – dizem os puristas – o resultado final não é o mesmo e gabam-se de conseguir detectar a mínima adulteração à receita original.

Denominação protegida – Antes que aconteça aos ovos-moles o mesmo que ao Vinho do Porto (que aparece descaradamente copiado por esse mundo fora) este produto da melhor doçaria portuguesa passou a estar protegido por lei. Desde 10 de Fevereiro de 2006, os ovos moles estão certificados como IGP (Indicação geográfica Protegida). Esta medida insere-se na legislação comunitária relativa à protecção das denominações de origem dos produtos agrícolas e dos géneros alimentícios. É uma mais-valia, tanto para o produtor, como para o consumidor, interessado na qualidade e autenticidade daquilo que adquire. Os ovos-moles de Aveiro foram o primeiro produto de confeitaria a receber este título. A lista de Indicações Geográficas Protegidas já incluía cerca de 60 produtos portugueses de carne ou à base de carne, queijos, frutas e outros produtos.

Concorrência regional – Esta zona do país não deixa os seus créditos por mãos alheias em matéria de doçaria. Bem perto de Aveiro, em Ovar, vende-se o famoso pão-de-ló que reaparece, numa variante não menos apreciada, um pouco mais para o interior, em Arouca, nas faldas da serra da Freita. Mais a sul, já perto de Coimbra, entra-se no reino dos, não menos famosos, pastéis de Tentúgal.

INFORMAÇÕES

Aveiro tem a curiosidade de ser acessível por, nada menos, de três auto-estradas: A25 (antigo IP5), A1 e A29 (auto-estrada da Costa de Prata)
As pastelarias com mais nome situam-se no centro de Aveiro, no Rossio.

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