O triunfo da cor
Uma festa onde o povo é rei e senhor, decidindo da data da realização e das formas e cores das decorações. Entre flores de mil cores quem chega de fora é sempre bem recebido.
É uma das mais originais festas populares portuguesas. Desde logo, devido à data da realização: «É quando o povo quer!». Na prática, isto quer dizer frequentemente de quatro em quatro anos, no mês de Setembro. Mas não necessariamente... Se o povo quiser, mete mãos à obra. A preparação pode durar um ano inteiro e é feita à escala de cada rua, associando os moradores, em despique com os vizinhos do quarteirão seguinte. Finalmente, chega o grande momento. Da noite para o dia esta tranquila cidadezinha alentejana transfigura-se. Onde havia ruas, passa a haver túneis. Onde se via o céu, agora, há um mar de flores de papel de todas as cores e feitios, mudando, como num caleidoscópio, quando se passa de uma calçada para um largo, ou se vira uma esquina.
Mas a Festa das Flores não se fica por aqui. Está associada a antiquísimas tradições de hospitalidade, com paralelo noutras festas portuguesas, tanto do Continente como das Ilhas. Os forasteiros são bem recebidos. Há água fresca, em bilhas para que ninguém passe sede, e há grandes mesas colectivas onde, quem passa, é convidado a sentar. E se quiser perceber melhor a dimensão desta metamorfose, visite Campo Maior num dia normal e, depois, volte pela Festa.
CURIOSIDADES
Padroeiro – Ainda que a componente religiosa possa passar despercebida, a Festa das Flores, também chamada dos Artistas ou do Povo, é dedicada a São João Baptista, padroeiro de Campo Maior.
Café – Nas últimas décadas Campo Maior ganhou uma forte associação ao café, por via da torrefacção Nabeiro, aqui implantada, e cuja marca comercial (Delta) tem projecção, tanto nacional, como internacional. Recentemente abriu o Museu do Café que conta a história e os segredos desta bebida trazida pelos descobridores portugueses do outro lado do mundo.
Castelo – Situado a nordeste da praça-forte de Elvas e a 10 km da fronteira, a fortaleza de Campo Maior sempre teve importância estratégica. Após a Restauração, D. João IV encarregou Nicolau de Langres, em 1645, de conceber uma nova fortificação. Surge novo perímetro amuralhado, adaptado ao uso da artilharia, com fossos e baluartes, protegendo a zona residencial. Durante a Guerra da Sucessão Espanhola, em 1712, a praça resistiu ao cerco do General Bay durante mais de um mês. Mas, a 16 de Setembro de 1732, um raio caíu na Torre de Menagem que servia de paiol, fazendo explodir a pólvora, arrasando parte do castelo e matando muita gente. Pensa-se que os restos de cerca de oitocentas pessoas que forram a Capela dos Ossos, construída em 1766 e anexa à Matriz, sejam de vítimas da tragédia.
Nos arredores – Estando em Campo Maior, não deixe de visitar a praça-forte de Ouguela, 10 km a norte, junto à fronteira, que integrava a rede defensiva da raia alentejana, articulando-se com Arronches, Campo Maior, Elvas e Juromenha. É, ao mesmo tempo, um lugar de uma tranquilidade quase dolorosa e uma jóia da arquitectura militar portuguesa do século XVIII.
INFORMAÇÕES
Posto de Turismo de Campo Maior
Tel. 268 689 413
Festa das Flores
www.cm-campo-maior.pt
Museu do Café
Estrada de Campo Maior
Herdade das Argamassas
www.delta.pt
Tel. 268 699 426