EXPERIÊNCIA #65 – Bairro Alto

A noite sempre jovem

Um território da noite por excelência, onde todos os ambientes, diversóes e companhias são possíveis.

Se há bairro com tradição de vida nocturna é este. Há meio século era a zona das casas de fado, a que se juntavam as casas de má nota, designadas entre os frequentadores por uma espécie de código, baseado no número da porta e no nome da rua. Um ambiente de boémios, marinheiros, prostitutas e fadistas, imortalizado em «O que diz Molero», de Dinis Machado. Mas ali também se trabalhava: funcionavam os jornais diários (Diário Popular, Capital e Diário de Lisboa) e os Desportivos (Bola e Record).
A revolução dos anos 80 trouxe a explosão de bares para todos os gostos, no meio dos quais sobreviviam casas de fado, tabernas onde se cantava fado vadio e uma constelação de restaurantes. Era (e é) só escolher entre um ambiente de jazz, de tertúlia, música pop-rock, alternativa ou pesada.
Hoje o Bairro Alto mantém uma certa aura de lugar cosmopolita e ecléctico, onde se junta gente de todas as idades e estilos muito diferentes. Vêm em busca da diversidade que é, provavelmente, o maior trunfo do bairro. Uma confluência de experiências que passa por restaurantes de paladares diferentes, da tasca típica ao japonês da moda (sem esquecer o mítico Pap´ Açorda), lojas "fashion", alternativas ou dos melhores criadores, cabeleireiros arrojados e espaços irreverentes, convivendo ainda com a genuína taberna e a mercearia antiga, ainda que recriada.


CURIOSIDADES

Jornais – A presença, até aos anos 90, dos jornais no Bairro Alto tinha uma razão lógica. Aqui funcionavam, não só as redacções, como as tipografias. A distribuição era feita pelos ardinas, que carregavam e transportavam, à mão, fardos de jornais. Por isso, convinha que iniciassem a ronda pelas esquinas, a descer, com as pesadas sacolas ao obro e não a subir. Jornalistas, revisores e tipógrafos foram, durante muitas décadas, frequentadores deste bairro e contribuíam para o seu ambiente especial.

Viragem – O Bairro Alto começa a mudar nos anos 80, com a abertura do Frágil, de Manuel Reis, que rapidamente se transformou num polo da noite liboeta, atraindo intelectuais e artistas, alguns dos quais começaram, por sua vez, a abrir lojas e ateliers. Depois foi a explosão de bares de pequenas dimensões com música o vivo que começaram a ocupar quase todos os pisos térreos, a par de lojas de roupa e discos, casas de tatuagens e de «piercings», sem contar com os restaurantes abertos até altas horas da noite.

História – Antes de ser um bairro popular e boémio foi uma zona elegante no século XVII, chamando-se, então, Bairro Alto de São Roque (dada a proximidade da igreja dos Jesuítas). Quando, no reinado de D. Manuel, começou a expansão para esta colina, a designação era a de Vila Nova de Andrade. Os palacetes e casas senhoriais setecentistas adaptaram-se à fisionomia das ruas e à traça das construções envolventes. Ao contrário da Baixa, o terramoto de 1755 causou relativamente poucas destruições no Bairro Alto. Apesar da destruição de muitos dos edifícios quinhentistas, a configuração geral do bairro não foi muito modificada pelo urbanismo pombalino.

INFORMAÇÕES

A circulação automóvel dos não residentes está restringida a alguns dos eixos de atravessamento do bairro, caso da Rua da Rosa. Há Metro perto (Baixa-Chiado) e o estacionamento fora dos parques pagos é relativamente escasso.

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