EXPERIÊNCIA #60 – Tapetes de Arraiolos

Da lã se faz arte

«Na pousada de Estremoz, espalhados à volta da cama, (os tapetes) criavam uma mancha de cor, viva e exótica e protegiam os pés da tijoleira hímida do chão». William Beckford, romancista inglês

São os mais famosos, mais elaborados e, dos mais caros produtos artesanais bordados portugueses, só superados pelas, não menos famosas, colchas de Castelo Branco. São bordados a lã, sobre tela, com um ponto característico. Os motivos, tanto podem ser geométricos, como incluir flores e pássaros. Nalguns casos reproduzem-se desenhos de há séculos.
São espessos e quentes, ou não tivessem tanta lã. Era a forma antiga de dar conforto às casas, quando os aquecimentos eram as lareiras e pouco mais. Mas são, sobretudo, um regalo para a vista e uma homenagem à paciência e ao talento das artesãs que, ainda hoje, os continuam a bordar à mão. Uma tarefa ciclópica, pois, um metro quadrado de tapete equivale, pelo menos, a três semanas de trabalho.
Tal como em tantas outras artes tradicionais, a sobrevivência depende da protecção da originalidade e da autenticidade artesanal contra as cópias e imitações produzidas em série e vendidas ao desbarato.´

CURIOSIDADES

Artesãos em fuga – Algum sabor orientalista ainda hoje patente nas decorações dos tapetes pode remontar ao século XVI, quando os artífices mouros que fabricavam tapetes em Lisboa foram expulsos (juntamente com os judeus) e se terão vindo fixar no tranquilo Alentejo, onde perpetuaram a sua arte.

Deitar o tapete – A oratória do Padre António Vieira, em meados do século XVII, não atraía só os raios da Inquisição. Também atraía multidões. Quando se sabia que ia falar na igreja de São Roque, em Lisboa, as famílias nobres mandavam, de véspera, marcar lugar. Como? Pondo os criados a espalhar, no chão do templo, tapetes de Arraiolos, cuja quantidade era directamente proporcional ao prestígio do proprietário. Daí a expressão «deitar o tapete em São Roque».

Ponto único – Arraiolos é nome de vila, de tipo de tapete e, também, de um ponto de bordar. Este caracteriza-se por ser formado por dois pontos que se cruzam, sendo um deles mais comprido que o outro. Só as boas artesãs sabem «unir a lã», evitando que, como acontece nas imitações, o ponto seja partido.

Antiguidade – A referência escrita mais antiga ao tapete de Arraiolos consta do inventário de Catarina Rodrigues, mulher de João Lourenço, lavrador e morador na herdade de Bolelos, termo de Arraiolos, onde, pelo ano de 1598, é descrita a existência de «hum tapete da tera novo avalliado em dous mill Reis.» Escavações arqueológicas realizadas na Praça Lima e Brito no inicio do século XXI sugerem uma produção deste tipo de artesanato anterior ao século XV.

INFORMAÇÕES

Posto de Turismo
Av. Senhor Jesus dos Passos, Arraiolos
Tel. 266 490 250

www.cm-arraiolos.pt

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