Um bairro popular
«À ilharga do centro gerador surge a primeira Lisboa Oriental: Alfama, labiríntica e estática, que mais adormece que dinamiza, no evoluir da urbe». José Manuel Fernandes, arquitecto e investigador.
É um dos mais antigos e castiços bairros de Lisboa. Ocupa a encosta entre a Sé e a Feira da Ladra. É o berço de uma Lisboa antiga e popular, onde, a cada passo, se encontram casas que sobreviveram ao terramoto de 1755 e becos e vielas que não destoariam numa ‘kasbah’ marroquina.
Não há melhor sítio para passear a pé. Encontrará tabernas onde, à noite, ainda se canta o fado vadio. Comércio como já não há, desde o barbeiro da esquina à leitaria ou à loja de fardas e equipamentos militares. Tascos onde se come sardinha assada e bacalhau à posta. E um ambiente de formigueiro, onde a maior parte da vida se passa na rua.
O passeio fica ao arbítrio de cada um e à sorte dos encontros, rua fora. Ainda assim, saiba que os principais itinerários são: pelas escadinhas de Norberto de Araújo, a partir do Miradouro das Portas do Sol, descendo até à igreja de São Miguel. Da Feira da Ladra, através da Calçada do Cascão e da Rua do Paraíso, a caminho da igreja de Santo Estêvão.
CURIOSIDADES
Fontes ancestrais – A designação «alfama» deriva da expresão árabe que significa «águas quentes». De facto, ainda hoje há fontes e nascentes a querer brotar através da encosta. Uma das mais famosas era Fonte das Ratas, fechada nos anos 60 por motivos de higiene.
Origens beirãs – Os estudos sobre o bairro têm revelado coisa curiosas. Assim, uma boa parte dos habitantes tem origens beirãs: vinham para Lisboa à procura de trabalho e aqui encontravam parentes e conterrâneos que apoiavam a sua chegada. Para dar apenas um exemplo, logo ao começo do troço da Rua das Escolas Gerais que penetra em Alfama junto ao semáforo dos eléctricos, fica a Casa do Concelho de Castanheira de Pera.
Vista do Miradouro – Se quiser entender melhor a topografia da zona que vai visitar pode observá-la de cima, a partir dos miradouros de Santa Luzia e das Portas do Sol. Ser-lhe-á fácil referenciar as duas principais igrejas, Santo Estêvão, sensivelmente no enfiamento dos miradouros e São Miguel mais para a esquerda. Em baixo, perto do rio, a estação de Santa Apolónia e, mais para a direita, a antiga estação elevatória onde fica o Museu do Fado.
Chafarizes para todos os gostos – Apesar da abundância de água, havia que garantir a sua distribuição em boas condições. Ligados, primeiro a fontes locais e, a partir do século XVIII à rede do Aqueduto das Águas Livres, surgiram diversos chafarizes. O mais impressionante é o Chafariz d’El Rei, já na Rua do Terreiro do Trigo. Cada bica era exclusiva de um grupo social, sendo algumas reservadas aos mareantes para fazerem a aguada dos barcos.
Igreja rica – A igreja de Santo Estêvão é considerada um dos melhores exemplos do barroco português, possuindo o seu interior rica decoração em azulejo e talha dourada.
INFORMAÇÕES
Por muito labirínticas que sejam as vielas, becos e escadinhas de Alfama é difícil perdermo-nos por mais que um ou dois minutos. De facto, basta descer sempre para ir ter à beira-Tejo, onde não faltam pontos de referência desde a Casa dos Bicos até à Estação de Santa Apolónia. Para nordeste é o vasto terreiro de Santa Clara, cenário, às terças e quintas, da Feira da Ladra, a limitar o bairro. Na direcção contrário é a milenar Sé a servir de ponto de referência. Finalmente, se em vez de descer subir sempre, irá, inevitavelmente, cruzr a linha do eléctrico 28, bastando segui-la, par um ou outro lado, até ir ter a local conhecido.
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