Labirinto de granito
«E da trémula Ponte D. Maria (...) verifiquei (...) que estava diante do mesmo Porto de sempre, espraiado na sua encosta (...) humoso e desgraçado na Ribeira, espiritual e feliz nos cumes das torres.» Miguel Torga
O Douro é o único rio português que corre entre margens rochosas e apertadas até à foz. Bastaria isto para tornar especial a zona ribeirinha do Porto. Mas, com o passar dos séculos, um outro constrangimento, este de raiz humana, foi-se fazendo sentir: o traçado das muralhas limitava, de forma drástica, o espaço para construir. Por isso, o Porto medieval teve que crescer em altura. À volta destes prédios, surpreendentemente altos para a época, um labirinto de arcadas, vielas e escadinhas.
Desaparecida a muralha do tempo de D. Fernando – de que restam alguns discretos sinais – a estrutura manteve-se. Hoje, a Ribeira e Miragaia encantam o mundo, apesar da óbvia pobreza de muitos dos habitantes. Programas de recuperação e o próprio dinheiro do turismo têm, aos poucos, modificado a face deste microcosmos fascinante.
Que tem, a fazer-lhe companhia, as pontes metálicas do século XIX (D. Luis e D. Maria Pia), a nova Ponte do Infante e os, agora renovados, Cais de Gaia. O elevador dos Guindais, ligando à beira-rio à Praça da Batalha foi outra obra valorizadora do Porto ribeirinho, Património da Humanidade.
CURIOSIDADES
Postigos – Não resta muita coisa da muralha mandada levantar por D. Fernando, em meados do século XIV. O troço sobre-elevado que corre à frente dos prédios ribeirinhos, entre a Praça do Infante e a Praça da Ribeira é um dos raros pedaços visíveis da cerca defensiva. Das portas existentes apenas o Postigo do Carvão chegou aos nossos dias.
Praça renovada – A Praça da Ribeira é o coração desta zona antiga, Património da Humanidade. Esplanadas e bares deram um enquadramento renovado a este espaço, com destaque para o «Café na Ribeira», luminoso prisma de vidro à beira-rio. A fonte, com o cubo imaginariamente sustido no ar por jactos de água, começou por ser tema de piadas mas, agora, ganhou aceitação geral.
Elevador espectacular – Reconstruído em 2004, o Elevador dos Guindais é uma das heranças consensuais do Porto 2001, capital europeia da Cultura. O moderno funicular faz o mesmo trajecto de um outro desactivado no final do séc XIX após um acidente (1893). Os primeiros metros da subida para a Praça da Batalha são de verdadeira montanha russa. Uma experiência a não perder. E, já agora, lá no alto pode apanhar o eléctrico que descerá à Baixa, seja na versão normal, seja na do circuito turístico.
Esplendor barroco – Logo ao lado da Praça do Infante, a igreja de São Francisco é uma das jóias do barroco nacional. Tem, a par da igreja de São Roque (Lisboa) ou da igreja de Santo António (Lagos) a melhor e mais esplendorosa decoração a azulejo e talha dourada. O ponto alto de qualquer visita à zona ribeirinha portuense.
Cruzeiro das pontes – Não se limite a ver a Ribeira na perspectiva mais habitual. Embarque num dos cruzeiros das pontes e passe um bocado de manhã ou de tarde a navegar pelo Douro, entre o centro, a Foz e a a Ponte do Freixo. Uma outra (e imprescindível) perspectiva da Cidade Invicta e dos seus encantos.
INFORMAÇÕES
Acessos
Para visitar a Ribeira pode descer a pé da Av. dos Aliados pela Rua Mouzinho da Siveira, o que o fará passar junto a pontos tão interessantes como a Estação de São Bento, com os seus famosos azulejos, o antigo mercado Ferreira Borges, obra-prima da arquitectura do ferro e o Palácio da Bolsa com fabulosa decoração. Há estação de Metro junto a São Bento. Da Praça do Infante parte o eléctrico 1 que percorre toda a marginal até ao Passeio Alegre (Foz).
Posto de Turismo do Porto (Ribeira)
Rua do Infante D. Henrique
Tel. 222 060 412
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