Sua excelência, o comboio
«O espaço museológico de Lousado (...) testemunha aspectos da ferrovia que não são, apenas, a história de um sistema (...) de transporte mas as vivências de um povo, uma região e um país.» Página oficial do Museu
As maquinas a vapor não existem apenas nos filmes de aventuras. É possível vê-las sobre carris, ao pé de nós, com a pintura a reluzir, como se estivessem prontas a arrancar para mais uma viagem. É aí que nos damos conta da sua impressionante dimensão, do seu cheiro característico e dos mil e um pormenores que nos fazem reviver tempos ainda não muito distantes, quando o comboio era rei.
Esta experiência está ao alcance de todos, no mais bonito, bem organizado e autêntico museu ferroviário português, o de Lousado, nos arredores do Porto, no ponto onde as linhas do Minho e de Guimarães se separam.
O edifício é, também ele, genuinamente ferroviário. Trata-se das antigas oficinas da Companhia do Caminho de Ferro de Guimarães. Aqui não há só carruagens e locomotivas. Há as máquinas e as ferramentas que as reparavam e a memória de gerações de carpinteiros, serralheiros, mecânicos e tantos outros sem cujo saber nada funcionaria. É toda a memória das linhas de via estreita à volta do Porto que aqui se perpétua, numa viagem fascinante pelo tempo.
CURIOSIDADES
História centenária – O caminho-de-ferro de via estreita na região do Porto é uma história mais que centenária. A primeira linha, entre Porto/Boavista e a Póvoa de Varzim começou a funcionar em 1875. Oito anos depois já estava construída parte da Linha de Guimarães, entre Trofa e Lousado. Em 1927 estas linhas e ainda o troço Póvoa-Famalicão foram integradas na Companhia dos Caminhos-de-Ferro do Norte de Portugal. Em 2004 a Linha de Guimarães foi reconverida para bitola larga (1,67 m). Desde 2001 que a Linha da Póvoa passara para o Metro do Porto.
Automotoras nacionais – Uma das peças mais curiosa deste museu é a automotora nacional de via estreita, com motor a gasolina, cuja construção remonta os anos 40. Trata-se da adaptação de autocarros à circulação sobre carris, como se verifica ao olhar para o posto de condução: ficaram lá os pedais da embraiagem e do acelerador, bem como a alavanca das mudanças; o volante, perdida a função original, passou a accionar o freio mecânico. Não menos curiosa é a separação das classes. Os bancos da frente, estofados a veludo, são a Primeira, enquanto os restantes, de tábua, correspondem à Segunda. Soluções semelhantes no que à divisão das classes diz respeito, podem ser observadas nas carruagens de passageiros aqui expostas.
Aproveitamento total – A área das antigas oficinas, totalmente aproveitada para a instalação do museu, tem 1.400 metros quadrados. Conforme se refere na página oficial deste museu, integrada no portal da CP, «parte das coberturas é de telha marselha assente num sistema de asnas à francesa, com clarabóias longitudinais e forro em madeira. Algumas paredes, construídas com pequenas porções de xisto preto e castanho, fazem jus ao nome da terra, Lousado».
INFORMAÇÕES
De carro, a partir do Porto ou de Braga, pode utilizar a auto-estrada A3, saindo no nó de Santo Tirso/Trofa. Uma vez na direcção de Trofa/Famalicão, basta seguir as indicações «Museu Ferroviário».
De combóio, pode utilizar os combóios para Braga, Guimarães ou Viana do Castelo, saindo na estação de Lousado, junto à qual se encontra o Museu Ferroviário.
Museu Ferroviário
Desde 2008, a gestão é assegurada pela Câmara Municipal de Vila Nova de Famalicão. Encerra à segunda-feira, funcionando unicamente da parte da tarde aos sábados e domingos e em horário normal nos restantes dias.
Página oficial do museu no portal da CP
www.cp.pt
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