Uma arte portuguesa
«O convento da Madre de Deus é um dos mais notáveis repositórios de arte que se conservam em Lisboa»
Reinaldo dos Santos, 1924
Os azulejos estão longe de ser um exclusivo português. Encontramo-los por toda a Europa do Sul mas em nenhum outro país a sua utilização como decoração de interiores atingiu a variedade e a sofisticação verificadas em Portugal.
Combinam-se com a talha dourada nas grandes igrejas barrocas como São Roque (Lisboa), São Francisco (Porto) ou Santo António (Algarve). Retratam façanhas guerreiras, como no Palácio de Fronteira ou Palace do Buçaco. Embelezam palácios e casas nobres, quando não, antigas dependências conventuais reconvertidas em restaurantes, como a lisboeta Cervejaria da Trindade. E tornam as estações ferroviárias portuguesas num caso à parte, de São Bento (Porto) a Santarém, de Marvão a Évora, do Pinhão a Óbidos.
Onde ver tudo isto num só local? No Museu Nacional do Azulejo, em Lisboa, à Madre de Deus (Xabregas), com uma das mais agradáveis e desconhecidas cafetarias da cidade e uma loja onde encontramos reproduções de peças inesquecíveis.
CURIOSIDADES
História do azulejo – É uma verdadeira história do azulejo que o percurso pelo museu faz. Começando pelos painéis quinhentistas e passando pelos mais conhecidos, do século XVIII, com o seu característico azul e branco. No último andar, uma obra não perder: um enorme painel representando Lisboa antes do terramoto de 1755.
Igreja monumental – Se a maior parte dos azulejos expostos é proveniente de outros edifícios, alguns desaparecidos, a igreja do convento ilustra a utilização dos painéis como elemento decorativo no próprio local onde foram colocados. Uma visita obrigatória que pode ser completada durante a passagem pelo andar superior, apreciando a nave principal e a capela-mor doutra perspectiva.
Combóio escondido – No andar superior do claustro manuelino do convento da Madre de Deus, provavelmente após a extinção das ordens religiosas (1834), mão desconhecida esculpiu num dos capitéis um combóio a vapor. Talvez inspirado pela frequente passagem dos ditos no viaduto vizinho do edifício. No Guia de Portugal, Reinaldo dos Santos fala de «um acto grotesco» mas, com a transformação em museu, tornou-se numa curiosidade que diverte os visitantes e em nada diminui um edifício com tanto para mostrar.
Refúgio dominical – Não são muitos os lisboetas que o fazem mas este museu é um dos melhores locais para passar as manhãs de domingo. Até à hora de almoço a entrada é gratuita, pelo que se podem matar saudades desta arte tão portuguesa e aproveitar par por as leituras em dia e almoçar sossegadamente na cafetaria, junto a um pátio interior.
INFORMAÇÕES
Acessos
Pela Rua dos Caminhos de Ferro e Rua da Madre de Deus (a 1 km de Santa Apolónia)
Pela Av. Infante D. Henrique, virando à esquerda nos primeiros semáforos após o viaduto de Santa Apolónia (junto ao supermercado LIDL)
Museu Nacional do Azulejo
Rua da Madre de Deus
Tel. 218 147 747
CONHEÇA AQUI AS 100 EXPERIÊNCIAS PARA VIVER EM PORTUGAL ANTES DE MORRER
100 EXPERIÊNCIAS PARA VIVER EM PORTUGAL ANTES DE MORRER