EXPERIÊNCIA #29 - Ponta de Sagres

O cabo dos mistérios

«Não há, na costa portuguesa, aspecto de conjunto com tão erma e trágica beleza, nem seria fácil encontrar refúgio e cenário mais propício para um pensamento obstinado de Herói ou de Profeta». Jaime Cortesão, escritor e historiador.

Este promontório rochoso, elevando-se 50 metros acima da fúria do mar, deserto e batido pelos ventos sempre foi considerado um lugar fora do comum. Foi chão sagrado para os romanos e os povos que os antecederam. Mais tarde aqui houve uma mesquita. Lendariamente, foi nestes rochedos que deram à costa as relíquias de São Vicente, martirizado em 304 d.C, depois levadas para Lisboa.
O istmo do promontório é fechado, do lado de terra, por uma fortaleza setecentista, reconstruída após o terramoto de 1755. Antes houvera outra muralha, destruída pelo corsário inglês Drake, em 1587, durante uma das suas várias incursões pela costa portuguesa, na sequência da junção dos reinos de Portugal e Espanha (1580).
Apesar do vento frequente vela a pena dar a volta a pé à Ponta de Sagres. O cenário é grandioso e as perspectivas sobre a costa multiplicam-se, qual delas a mais espectacular. Para norte, o Cabo de São Vicente, referência desde há milénios para a navegação que passa do Mediterrâneo para o Atlântico.

CURIOSIDADES

O fim de um mito – Durante décadas a historiografia do Estado Novo insistiu na ideia de uma «Escola de Sagres» onde o Infante D. Henrique teria agrupado os marinheiros, pilotos e cartógrafos que colaborarm na aventura das Descobertas. Sabe-se hoje que isso nunca sucedeu, situando-se a base de operações henriquina na vizinha cidade de Lagos.

Mudança de mar – Os velejadores sabem perfeitamente quando estão a dobrar o Cabo de São Vicente e a entrar em águas algarvias. Quase invariavelmente a ondulação acalma e a brisa de terra traz um doce perfume a figo e alfarroba.

Corvos lendários – O geógrafo árabe Idrisi conta que, sobre a ermida que albergava as relíquias do mártir São Vicente, pousava uma dezena de corvos. Através da forma como grasnavam era possível saber, ao longe, quantos visitantes se aproximavam.

Praias acolhedoras – Para quem não gosta de multidões, não faltam praias de sonho e relativamente pouco frequentadas nas imediações. É o caso da Cordoama e do Castelejo para norte do Cabo de São Vicente (acesso por Vila do Bispo) ou do Martinhal, a leste da povoação de Sagres.

INFORMAÇÕES

Posto de Turismo de Sagres
Praça da República
Tel. 282 624 873
Acessos
O acesso a partir de Lagos faz-se através de um troço melhorado da EN125; a partir de norte há estrada vinda de Odeceixe e Aljezur, a EN 268.

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