Onde a terra acaba...
«Visitar, olhar, sentir o litoral, é maravilharmo-nos, a mais das vezes sem disso nos apercebermos conscientemente, com a harmonia de forças antagónicas» João Alveirinho Dias, investigador
O Cabo da Roca prolonga, mar a dentro, a serra de Sintra. É uma alta crista rochosa, batida pelo vento e pelas ondas, donde a vista é arrebatadora. As ondas rebentam, em baixo, na base da falésia e, para norte, a costa apresenta-se alta e recortada, com algumas imponentes agulhas rochosas a erguerem-se no meio do mar, caso das pedras da Ursa e de Alvidrar.
Para sul avistam-se a enseada do Guincho e o Cabo Raso, com o respectivo farol. Na direcção contrária, num dia claro, podem ver-se as Berlengas e, mais perto, o casario branco da Ericeira. Para leste, a serra de Sintra, coroada pela ermida da Peninha.
Aqui se situa o extremo ocidental da Europa, o lugar «onde a terra acaba e o mar começa». A cordilheira central que divide Portugal ao meio encontra o oceano e desse encontro resulta um dos pontos de visita obrigatória do litoral português. Um farol coroa este alto cabo, ponto de referência fundamental para a navegação, tanto costeira, como oceânica. A construção inicial remonta a 1758.
CURIOSIDADES
Cabos paralelos – Sendo o ponto mais ocidental da Europa, o Cabo da Roca está no mesmo paralelo que o Cabo Henlopen, na costa norte-americana, a 5.593 km. Este mesmo paralelo atravessa a zona norte da ilha açoriana da Terceira.
Farol secular – Dada a projecção deste cabo, foi decidido no tempo do Marquês de Pombal construir um farol para apoiar a navegação. A torre começou a ser construída em 1758. Seria preciso esperar por 1865 para ser instalado um aparelho óptico mais potente e visível mais longe. As obras foram-se sucedendo, até à automatização da torre e das luzes em 1982. Estas são visíveis a 24 milhas marítimas (cerca de 43 km). Dada a formação frequente de nevoeiro, existe uma sereia cujo som pode ser ouvido a quilómetros.
Ponto de encontro – Dado que o acesso se faz através da panorâmica e sinuosa estrada da Malveira da Serra para Colares criou-se a tradição de os «motards» da Grande Lisboa aqui se encontrarem ao domingo de manhã. É uma verdadeira romaria em duas rodas que, às vezes, acaba mal quando as habilidades para o público levam os condutores a cometer excessos.
Passeios a pé – Um bom caminhante pode seguir par norte, aproveitando os trilhos abertos pelos pescadores, descer até ao vale da ribeira da Ursa e subir a encosta a caminho da Praia da Adraga. É esgotante mas vale o esforço. Apenas há que tomar algumas precauções razoáveis dada a existência de precipícios.
INFORMAÇÕES
O acesso de carro pode fazer-se pela EN247 (Cascais-Malveira-Colares), cortando na Azóia, na direcção do mar e percorrendo mais 3 km até ao farol. Existem carreiras de autocarros fazendo este trajecto e ligando as estações ferroviárias de Sintra e Cascais.
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