O Gerês aos pés
«À boca do palco reflectiam-se nas (...) albufeiras do Cávado a redonda pureza da Cabreira e a beleza sem par do Gerês» Miguel Torga
Chegue-se a esta fraga majestosa, na margem esquerda do vale do rio Gerês, num dia de Abril ou de Outubro. As multidões estão longe, guardadas para os idos de Agosto. A tranquilidade é absoluta, como se o mundo tivesse nascido naquele instante. Dali se contempla um dos mais bonitos panoramas de Portugal.
Tem-se a ilusão de viajar num aeróstato ou de deslizar, sustentado por invisíveis asas, à medida que o olhar atravessa o vale. À esquerda, para sul, o brilho azul das águas da albufeira da Caniçada. Em baixo, as Caldas do Gerês, parecendo pouco mais que uma rua entre encostas arborizadas. E, rodando para norte, o majestoso vale, moldado pelo deslizar milenar de toneladas de gelo, subindo até às alturas da Portela de Leonte, sugerindo um vislumbre do ponto mais alto da serra, as antigas Minas dos Carris, coroadas pelo desafiador Altar dos Cabrões.
Mesmo no topo de Agosto há alternativa para quem não queira ver perturbada a fruição desta natureza única: dar a volta pelo vale, descer às Caldas, tomar a estrada para Campo do Gerês e, no alto, seguir as indicações pedestres para o Miradouro da Boneca. Gémeo da Pedra Bela, na encosta fronteira, a extensão do trilho (1,5 km) e o mau estado do mesmo afugentam as hordas barulhentas e apressadas. Se, porventura, lá encontrar outros passeantes, pode ter a certeza que eles merecem estar lá e não perturbarão a sua comunhão com a beleza.
CURIOSIDADES
Trilhos pedestres – Há duas Pequenas Rotas que permitem percorrer, a pé, os mais bonitos miradouros que rodeiam as Caldas do Gerês. Na vertente oeste, o Trilho dos Miradouros, com 9 km, percorre uma sucessão de locais inesquecíveis, cada vez mais altos: Fraga Negra (575 m) ou Boneca (750 m). Na encosta contrária é o Trilho dos Currais (10 km) que serpenteia, serra acima, até à Pedra Bela (720 m). As marcações no terreno são sofríveis e ambos os itinerários vencem desníveis importantes.
Água – Ainda que valha sempre a pena andar com uma garrafa na mochila, a profusão de fontes nesta serra não pára de nos surpreender. A água é fresca, mesmo no pino do Verão, e parece vir carregada de todas as virtudes da natureza primitiva.
Cascatas – Não faltam por toda esta serra, sendo as mais apreciadas e de melhor acesso, as do Rio Arado, a 2,5 km do miradouro da Pedra Bela, com acesso por asfalto, excepto no troço final. Os melhores banhos tomam-se no topo mas, para isso, é preciso escalar um íngreme e escorregadio trilho ao longo da margem esquerda.
Logística – Não faltam hotéis, pensões e restaurantes nas Caldas do Gerês, embora invariavelmente cheios em Agosto. Há informação sobre a região e os passeios no escritório do Parque e nos postos de Turismo das Caldas do Gerês e de Terras do Bouro.
INFORMAÇÕES
Parque Nacional da Peneda-Gerês, Centro de Educação Ambiental do Vidoeiro
Lugar do Vidoeiro, 99, Gerês
Tel. 253 390 110
http://portal.icnb.pt
Posto de Turismo do Gerês
Av. Manuel Ferreira da Costa, Caldas do Gerês
Tel. 253 391 133
Posto de Turismo de Terras de Bouro
Terras de Bouro
Tel. 253 351404
Bibliografia
Livro «Na Senda de Miguel Torga», edição Câmara Municipal de Terras do Bouro: descrição de um conjunto de passeios a pé no Parque Nacional em memória do autor de «Diários», grande apaixonado da região.
Acessos
Ao miradouro: pela estrada Rio Caldo-Caldas do Gerês (EN205-5), podendo derivar para a Pedra Bela, seja em Vilar da Veiga (direcção Ermida/Fafião), seja a norte das Caldas, no começo da estrada para a Portela do Homem, junto ao parque de merendas.
Às Caldas do Gerês: pela EN103 a partir de Braga (37 km) ou pela EN205-5, a partir de Amares (33 km).
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