EXPERIÊNCIA #18 - Monsaraz

Muralhas à beira do Guadiana

«As casas são alvejantes do caio e os interiores asseadísimos, com os seus soalhos lajeados e as suas cantarias de um alinho irrepreensível.» Sant´Ana Dionísio

O burgo fortificado de Monsaraz ergue-se num morro vizinho do Guadiana, dominando a planície envolvente. Visível de muito longe, era um sentinela da linha do Guadiana, longamente disputada entre cristãos e mouros, até à conquista definitiva por D. Sancho II, em 1252. A progressiva perda de poder e de população para a vizinha Reguengos de Monsaraz, hoje sede de concelho, teve um efeito paradoxalmente positivo: conservou a magnífica vila fortificada que hoje podemos apreciar.
Se do alto das muralhas a vista sempre tinha sido grandiosa, nestes anos mais recentes ganhou uma nova dimensão: o gigantesco espelho de água do Guadiana, represado a jusante em Alqueva (Portel) e formando o maior lago artificial da Europa. Para além disso vêem-se Mourão e o seu castelo na margem contrária, bem como as pequenas colinas cobertas de oliveiras e sobreiros que se estendem para norte.
No interior das muralhas o antigo burgo medieval apresenta-se bem conservado, sendo imprescindível percorrê-lo a pé, tomando como referência as duas ruas principais de Monsaraz: as do Castelo e de Santiago.

CURIOSIDADES

Saqueada por engano – Primeiro encravada entre cristãos e mouros, depois próxima da fronteira com Castela, a praça-forte de Monsaraz teve sempre uma vida atribulada. Não faltaram cercos e outros episódios bélicos, o mais insólito dos quais ocorreu durante as intermináveis guerras entre D. Fernando I e os seus vizinhos espanhóis. Nessa altura veio a ser saqueada, por engano, pelas tropas de Eduardo, duque de Cambridge, apoiante do rei português.

Medidas na porta – Como era comum noutras vilas medievais portuguesas, as medidas de comprimento em uso estavam gravadas na muralha, em local bem visível, para que, em caso de dúvida, pudessem ser aferidas. É o que acontece no cubelo do lado poente, junto às Portas da Vila, com a vara e o côvado.

Justiça em causa – É umavisão irónica da Justiça, aquela que é dada pelo famoso fresco quinhentista da Casa da Audiência, no Largo Nuno Álvares Pereira. Debaixo do olhar atento do Criador, dois juízes - um íntegro e outro corrupto - representam as duas faces da justiça. Um olha de frente, disposto a exercer a sua função com isenção, enquanto o outro, de duplo rosto, vara quebrada e mão estendida, se prepara para receber o preço da sua venalidade.

Arquitectura popular – Monsaraz não vale a pena, unicamente, pela vista e pelos monumentos. O casario, cujo asseio tanto impressionou os autores do Guia de Portugal, é um bom exemplo de arquitectura popular. Assim sucede na Rua do Castelo, valorizada pela brancura do casario de taipa, onde não faltam portais e janelas de sacada de ferro forjado, de estilos e formas diversificados. Já na Rua de Santiago, que lhe é paralela, as casas são mais pequenas, mantendo, todavia, o mesmo tipo de traça.

INFORMAÇÕES

Acessos
Para alcançar Monsaraz a partir de Évora deve utilizar o IP2, divergindo para a EN256 no nó de São Manços, direcção Reguengos de Monsaraz. Na sede do concelho as indicações são bem visíveis para a vila-fortaleza que fica a 16 km, via Santaiago do Corval, importante centro de olaria tradicional. Chegado às muralhas, é conveniente deixar o carro num dos vários parques de estacionamento exteriores.
Outra possibilidade, a partir da A6, é tomar a via rápida para o Alandroal que contorna Borba e Vila Viçosa, prosseguindo depois por Terena sempre pela EN255. Tenha presente que, a sul desta pitoresca aldeia com castelo, há uma atalho bem assinalado para Monsaraz por Seixo, Cabeça de Carneiro e Motrinos.
Posto de Turismo de Monsaraz
Tel. 266 557 136

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