Cidadela perdida
«Marialva não se impõe pela monumentalidade dos seus edifícios (...) mas contam-se pelos dedos de uma mão os conjuntos urbanos que entre nós lhe levem a palma em poder evocativo». Francisco Keil do Amaral, arquitecto
Na EN102, entre Celorico da Beira e Vila Nova de Foz Côa, impõe-se ao olhar a silhueta do castelo de Marialva, empoleirado num rochedo, 2 km a oeste. A muralha, com três torres, tem 560 m de extensão. Lá do alto o panorama é grandioso, avistando-se, para nascente, a serra da Marofa e para sul, em dias claros, a serra da Estrela.
A Vila Alta ganhou em encanto o que perdeu em habitantes. Há muitas décadas que já ninguém lá mora. Intra-muros estão a antiga Câmara Municipal e o pelourinho. Ao lado, a torre de menagem. Uma fenda vertical na rocha foi paiol do castelo. Há, também, duas igrejas. A de Santiago tem, numa porta lateral, a data de 1585. A Capela da Misericórdia, tem púlpito exterior para a homília na Semana Santa.
Beneficiada pelo Programa das Aldeias Históricas tornou-se numa das referências dos roteiros turísticos da Beira Interior. As ruínas foram limpas e consolidadas, estabeleceu-se um circuito de visita e surgiram as primeiras unidades de turismo rural.
CURIOSIDADES
Foral afonsino – Na esfera de influência dos reinos cristãos a partir de começos do século XI, Marialva foi definitivamente tomada por D. Afonso Henriques. O monarca procurou encorajar o povoamento do local, estabelecendo diversas isenções no foral, como por exemplo, limitando a 300 soldos de multa o rapto de uma rapariga para quem ali se passasse a fixar. Ou que quem para lá fosse viver, teria as suas dívidas anteriores caducadas no prazo de seis meses.
Dentro da muralha – O acesso ao interior das muralhas faz-se pela Porta de S. Miguel, com um nicho do Anjo da Guarda, ali estando gravadas as medidas em uso na feira que ali se realizava ao dia 15 de cada mês: vara, côvado e palmo. A Igreja de Santiago tem capela-mor com tecto em caixotão. A vizinha Capela da Misericórdia tem tecto com painéis alusivos à vida dos Santos.
Fora da muralha – Extra-muros, merecem referência na vila a capela de Nossa Senhora de Lurdes, perto da muralha onde se vêem os antigos sinos templários, existindo no interior diversos quadros votivos. Refiram-se, ainda, a Igreja de S. Pedro e, já na zona da Devesa, as capelas de Nossa Senhora da Guia e da Senhora dos Remédios.
Lenda – O nome da povoação aparece ligado a uma lenda. Em tempos idos Maria Alva seria a mais bonita rapriga da região mas escondia um segredo terrível: tinha pés de cabra. Quando um namorado despeitado revelou a verdade, cheia de desgosto, matou-se, atirando-se das muralhas.
Parque Arqueológico do Vale do Côa – Pela EN101, num troço agradável, há muito conhecido como Rectas de Marialva, chega-se rapidamente a Vila Nova de Foz Côa e às famosa gravuras paleolíticas. De igual forma, o Douro Vinhateiro, também Património da Humanidade, está a poucos minutos de viagem na mesma direcção.
INFORMAÇÕES
Acessos. Para quem venha de sul, a A25 (antigo IP5) é o caminho ideal para chegar a Marialva. Deve sair da auto-estrada em Celorico e tomar a EN101, direcção Vila Nova de Foz Côa.
Posto de Turismo de Meda
Tel. 279 880 040