Presépio de xisto
«Uma aldeia de xisto, harmoniosamente integrada na paisagem, onde o tempo parece ter parado e se respira tranquilidade.»
Fruto de um isolamento secular (a estrada só foi alcatroada em 1972), o Piódão chegou ao século XXI com o aspecto de uma aldeia do século XIX: casas de xisto com telhados de lousa e portadas de madeira, à volta de ruas empedradas, a cujas esquinas não se estranharia ver surgir, a cavalo, o Simão Botelho de «Amor de Perdição» ou o lendário João Brandão.
Aninhada no fundo de um profundo vale, rodeada por socalcos e com o fumo a elevar-se das chaminés, esta aldeia da serra do Açor parece uma visão de sonho. Nem mesmo as construções mais recentes, caso da igreja de Nossa Senhora da Conceição, (ampliada no século XX) e da nova estalagem do INATEL quebram esta harmonia, mais que não seja, por se situarem na periferia do espaço habitado. Numa lição ancestral de urbanismo, as casas desenvolvem-se pelas curvas de nível, em sucessivos patamares, ligados por escadinhas e calçadas íngremes.
Beneficiada pelo Programa das Aldeias Históricas, a povoação ganhou as lojas e estabelecimentos hoteleiros que lhe faltavam, bem como alguma beneficiação de construções e arruamentos. Vale a pena percorrer as estreitas estradas que vêm de Arganil ou de Vide para aqui chegar e passar umas horas em harmonia com a natureza.
CURIOSIDADES
Ponto mais alto – Mesmo por cima do Piódão fica o marco geodésico de São Miguel de Açor. Com 1.342 m é o ponto culminante da serra do Açor. Para sul avistam-se as alturas da Lousã, enquanto para norte é a massa da serra da Estrela a atrair irresistivelmente o olhar.
Serra do Açor – A serra do Açor faz parte da cordilheira que atravessa a Meseta Ibérica de nordeste para sudoeste, prolongando-se a norte pela serra da Estrela e a sul pela da Lousã. Predomina o xisto, sendo o relevo de contornos arredondados, cortados por vales. Situa-se no concelho de Arganil, abrangendo parte das freguesias de Benfeita e Moura da Serra. A altitude oscila entre os 400 e os 1012 metros, é atravessada por dois pequenos cursos de água permanentes, a ribeira da Mata da Margaraça, afluente do Alva, e a barroca de Degraínhos, sua tributária e que com ela conflui a jusante da povoação de Pardieiros.
Mata encantada – Situada a meio caminho entre Arganil e Piódão, a Mata da Margarça é um dos tesouros escondidos da Área de Paisagem Protegida da Serra do Açor. Estende-se pela vertente norte da serra da Picota, sendo uma das raras sobrevivências dos bosques antigos das Beiras, à base de carvalhais e soutos. É um local que parece ter sido feito para passear a pé e onde não se ouvem outros ruídos que não os do piar das aves ou do sussurro do vento nas ramadas.
Fraga da Pena – As águas da Barroca das Degraínhas, ao confluírem com as da Ribeira da Mata caem por um desnível de mais de 20 m, formando uma cascata, caudalosa de Inverno. O vale, muito fechado, favorece o crescimento de abundante vegetação, evocando o Poço do Inferno, na vizinha Serra da Estrela. Em baixo, formou-se uma lagoa que alimenta uma segunda queda. A parede rochosa ao longo da qual cai a água está coberta de musgo e, mesmo em pleno Verão, a temperatura é amena.
INFORMAÇÕES
A partir de Arganil há acesso rodoviário bem assinalado pelas estrads secundárias da serra, tendo este itinerário a vantagem de passar perto da Fraga da Pena e da Mata da Margarça.
Outra possibilidade de acesso é a partir da EN17 (Estrada da Beira), derivando perto de Oliveira do Hospital por Vide, em Venda de Galizes para EN240, direcção Vide e, finalmente, tomando aí o ramal para Chã das Éguas e Piódão
Posto de Turismo de Piódão
Largo Cónego Manuel Fernandes Nogueira
Tel. 235 732 787
