Doçaria

Açores - Roteiro de Sabores

Um verdadeiro arquipélago de doces que, no meio do Atlântico, mantêm a lusa tradição no sabor e nas designações, seja de origem conventual ou popular: papos de anjo, fofos, queijadas, súplicas…. E, tal como sucede com o resto da cozinha, as festas do divino Espírito Santo ocupam um lugar privilegiado na doçaria desta região.

O grande bolo açoriano é o bolo de Natal, também usado nas festas de casamento e aniversário, que leva frutas cristalizadas, doce de fruta, nozes, melaço, vinho do Porto e aguardente. Para ser bom e o seu sabor devidamente apreciado deve ser feito com pelo menos oito dias de antecedência. De confecção morosa, o celebrado bolo do convento da esperança de S. Miguel ou bolo micaelense: escava-se o centro e recheia-se com uma massa de gemas, açúcar em ponto de fio, amêndoa e miolo do próprio bolo. Outros bolos a merecer referência são o de caramelo (como na Madeira), o milhafre (com canela, noz moscada, nozes e goiabada), o bolo do diabo (com cacau, café e limão, recheado com creme de açúcar, manteiga e cacau) e as várias receitas de bolos com natas, naturais numa região onde se criam vacas leiteiras.

Nos pudins, têm fama, da ilha de S. Miguel, o de calço ou feijão, e o de chá feito com o famoso chá verde das ilhas, a fazerem sombra aos de caramelo, ao do Faial com muitos ovos, passas de uva e amêndoa, aos vários pudins de pão, ora com passas de uva ora com estas mais frutas cristalizadas, e a tantos outros.

Ovos angelicais em calda de açúcar, são os deliciosos Papos de anjo da Terceira que alguns afirmam terem sido inventados pelas freiras desta Ilha, mas cuja paternidade é disputada com Viseu, o outro local do país onde se fazem pelo mesmo processo. Com açúcar e ovos apenas, se elaboram também os rebuçados de ovos de S. Miguel, embrulhados em papel de seda recortado. Pequenos doces delicados são ainda os camafeus, bolinhos de noz cobertos com glace e decorados com uma meia-noz, as pastilhas decoradas com flores de açúcar, os torresmos do céu, polvilhados de canela, e as cornucópias recheadas com doce de ovos.

No capítulo dos pastéis e queijadas, nota alta para as deliciosas queijadas de Vila Franca do Campo (S. Miguel) e da Graciosa, para as várias receitas de covilhetes da Terceira, onde avultam os escuros de leite mas também cabem os de laranja, e os que levam recheio de amêndoa e canela ou amêndoa e feijão, e para os pastéis de arroz da Graciosa, em forma de meia-lua (como os rissóis).

Entre os bolos perfumados com erva doce e canela, assinalem-se as capuchas (moldadas em pequenas argolas), e as espécies de S. Jorge em forma de argolas, letras e meias-luas também conhecidas por “bicho doce”. Em homenagem à rainha D. Amélia, os bolos D. Amélia, mistura de farinha de trigo e milho aromatizada com mel e canela. Nos mais populares incluem-se as cavacas de Santa Maria, as conhecidas malassadas que são filhós fritas, típicas do Carnaval, e as fofas, o doce mais característico do Faial, recheadas ou não com creme de limão ou de baunilha e que eram antigamente conhecidas por filhós.

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