À mesa, os alentejanos são boa boca. E para terminar uma refeição onde já se experimentou uma açorda ou umas migas, nada melhor do que a doçaria conventual. Experimente uma encharcada, uma sericaia ou um toucinho-do-céu.
Foi no convento que tudo começou. Já nem se contam pelos dedos as receitas que frades e feiras imortalizaram. E o Alentejo não é excepção, pelo contrário. Ovos, amêndoa e gila. Eis os ingredientes que estão na base desta doçaria.
Memorial do Convento
Reza a história, que a sericaia teve origem no Convento das Chagas de Vila Viçosa. Mas no Convento de Nossa Senhora da Conceição ou no de Santa Clara, em Elvas, o doce passou a fazer-se de outra forma. Acrescentou-se-lhe a canela e um ingrediente essencial: a ameixa de Elvas. Hoje em dia onde quer que peça uma sericaia, há 90% de hipóteses que esta se faça acompanhar pelo dito fruto.
Também originária do Convento de Santa Clara é a encharcada. Como acontece com a sericaia, as receitas deste doce variam entre os conventos de Évora, Beja e Mourão. É uma questão de pormenores, porque a essência da sobremesa está sempre lá: os ovos.
Contem também com os ovos nos geladinhos do Convento da Conceição. São precisas 18 gemas e duas claras na sua confecção. Se a sua preferência for amêndoas sugerimos que experimente o Bolo de Amêndoa. O nome não engana. Pode experimentar a receita do Convento da Vidigueira ou do Convento de S. João de Elvas.
Frades e feiras alentejanas também juntaram as panelas para a confecção do pão de rala e do toucinho-do-céu. No primeiro junta-se a trilogia da doçaria alentejana: ovo, amêndoa e gila.
Mas conventual nem sempre é sinónimo de complexo. Apenas com ovos e açúcar confecciona-se o afamado fidalgo de Évora, uma sábia combinação de ovos-moles, fios de ovos e trouxas-de-ovos num bolo só.
Andreia Melo 2010-01-11