De origem milenar, a cerveja é uma das bebidas de eleição nos dias mais quentes do Verão. Vai bem com quase tudo mas não precisa de nada para brilhar. A nova moda é degustá-la como iguaria gourmet.
Consta que é a mais antiga bebida alcoólica consumida pelo homem. Os primeiros registos remontam a mais de 6 mil anos, no tempo dos sumérios. A descoberta do processo de fabrico da cerveja está associada ao pão, já que os dois resultam da fermentação dos cereais. Naturalmente que as técnicas usadas estavam longe das actuais.
Chegamos à Idade Média e o procedimento ainda estava longe de ser consensual. Cada “produtor” misturava as ervas aromatizantes que achava por bem e os resultados eram tudo menos consistentes. Apesar disso, era mais segura, em termos sanitários, do que a água…
Foram precisamente razões de saúde pública que levaram Guilherme IV da Baviera a promulgar a Lei da Pureza da Cerveja, em 1516, delimitando os ingredientes permitidos: cevada, lúpulo e água. A revolução industrial trouxe o processo de fabrico moderno, mas curiosamente assiste-se a um regresso às técnicas dos antigos mosteiros.
A Europa é a principal região de produção mundial de cerveja, mas Portugal nunca foi um grande entusiasta da produção. Países de maior tradição vinícola tendiam a olhar a cerveja como uma bebida inferior. Desde os romanos que a associavam aos povos bárbaros...
Cerveja, o novo vinho
Actualmente, os defensores da cerveja estão empenhados em dar a esta bebida a mesma dignidade dispensada ao vinho. Produções limitadas, copos especiais, provas e cursos de degustação ajudam a criar uma aura gourmet, assim como a ligação à alta cozinha.
O célebre chefe catalão Ferran Adriá, proprietário do não menos famoso El Bulli, várias vezes considerado o melhor restaurante do mundo, já associou o seu nome à cerveja Estrella Damn Inedit, que além de misturar maltes de cevada e trigo, é aromatizada com coentro, casca de laranja e alcaçuz.
O primeiro passo para tornar-se num apreciador gourmet será experimentar várias e aprender a distinguir os seus sabores complexos. Para isso esqueça a cerveja demasiado gelada que impede os aromas de se tornarem perceptíveis ao palato.
Bárbara Bettencourt 2011-05-03
