De Lisboa a Santarém

As paisagens as gentes e os monumentos que inspiraram uma das mais famosas obras da literatura oitocentista portuguesa, Viagens na Minha Terra, de Almeida Garrett, vistas 165 anos depois, da janela do comboio.

Quando, em 1846, Almeida Garrett escreveu Viagens na Minha Terra falava-se do comboio como hoje se fala do TGV. Então como agora, as opiniões dividiam-se. Garrett, embora um Bravo do Mindelo e um progressista, desconfiava do novo meio de transporte, ao qual preferia as estradas, tidas como instrumento mais eficaz daquilo a que hoje chamaríamos desenvolvimento local, ponto de vista, de resto, partilhado por Alexandre Herculano.

A descrição da viagem é muito interessante, evocando o tempo em que se subia o Tejo de vapor até ao cais da Azambuja. Toda a paisagem ribeirinha que hoje se avista da janela do comboio entre a Gare do Oriente e Vila Franca era fruída de uma outra maneira, a bordo do barco.

É nesta fase da viagem que o autor foi chamado a dirimir o conflito entre campinos e pescadores, cada qual reivindicando ser a classe mais profissional mais corajosa. A argumentação de Garrett é pragmática e demolidora: afinal quem tem mais força, um touro ou o mar?

Ainda hoje as ruínas do Palácio, junto à Vala Real da Azambuja, evocam o tempo em que a primeira parte da viagem Lisboa-Santarém era feita de barco. Se quiser ver este interessante património poderá chamar um táxi na estação da Azambuja.

Se é amante do ciclismo e transportou a sua bicicleta consigo (o que é possível nalguns comboios, nomeadamente Regionais), pedale 20 minutos pelas estradas secundárias da lezíria (acesso pela rotunda junto às bombas de gasolina, subindo o viaduto que passa sobre a via férrea e tomando a direcção «Palácio»)

Rui Nogueira 2011-02-02

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