Correntes d`Escritas – Póvoa de Varzim

Uma cidade à beira livros

A celebrar os livros, as histórias e as ideias desde o ano 2000, o Correntes d`Escritas, na Póvoa de Varzim, reúne desta vez mais de 80 escritores de 11 nacionalidades de expressão ibérica. Além do número recorde de autores convidados, a 17ª edição deste festival literário cresceu também nos dias (são agora cinco) e nos espaços que recebem o evento. À beira mar, há uma cidade para descobrir entre linhas.

Num encontro dedicado às letras e à literatura, os números também impressionam. Mais de 80 escritores de 11 países, 17 lançamentos de livros ou revistas literárias, 12 mesas redondas e 5 dias de atividades preenchem o vasto programa da 17ª edição do Correntes d`Escritas, um dos maiores eventos literários do pais, realizado como sempre na Póvoa de Varzim.

O certame, que este ano decorre de 23 a 27 de fevereiro (mais um dia que na última edição), conta com a presença de alguns dos principais nomes da literatura contemporânea portuguesa, como Eduardo Lourenço, Inês Pedrosa, João de Melo, José Luís Peixoto, Manuel Alegre ou Valter Hugo Mãe. A eles juntam-se autores de outros 10 países de expressão ibérica, com destaque para o Chile, representado pelo mediático Luís Sepúlveda, e para Porto Rico que, pela primeira vez, participa no encontro através da escritora Mayra-Santos Febres.

Cinco dias à volta dos livros

A cerimónia de abertura está marcada para dia 24, mas o festival literário arranca na véspera, às 11 horas de terça-feira, com um passeio literário – Três vozes transeuntes – pelas ruas da cidade. À mesma hora, na Fortaleza de Nossa Senhora da Conceição, é apresentado o Dicionário de Eça de Queiroz (3ª edição ilustrada, revista e ampliada) e à noite acontecem mais dois eventos, ambos no Cine-Teatro Garrett: a abertura da exposição “O Mundo de Lobo Antunes”, ficções fotográficas de Ana Carvalho (21h30), e um concerto comentado com António Vitorino D´ Almeida e Miguel Leite (22 horas).

No dia 24, quarta-feira, realiza-se, então, a conferência de abertura, apresentada às 15 horas no Cine-Teatro Garrett (o centro nevrálgico do encontro) por José Tolentino de Mendonça, e dedicada ao tema “O Silêncio dos livros”. Durante a cerimónia serão anunciados os vencedores dos Prémios literários 2016 e lançada a revista Correntes d`Escritas, este ano dedicada a António Lobo Antunes. No mesmo dia e local haverá várias apresentações de livros e duas mesas redondas: “A literatura é a catarse da existência (com António Torres, Eduardo Lourenço, Hélia Correia e Manuel Alegre) e “Não me interpretem mal”, uma espécie de Governo Sombra literário com Carlos Vaz Marques, João Miguel Tavares, Pedro Mexia e Ricardo Araújo Pereira.

Quinta-feira, dia 25, o festival abre-se ao cinema com a antestreia de filme “Quarteirão”, uma adaptação de Jorge Vaz Gomes a partir da coleção “O Bairro” do Gonçalo M. Tavares. Para ver a partir das 17 horas no Cine-Teatro Garrett, que também exibe (às 21h45) “A morte de Carlos Gardel”, de Solveig Nordlung, um filme baseado na obra homónima de António Lobo Antunes. Entre as três mesas redondas do dia, destaque para o tema ”Como fugir ao que já foi escrito”, moderado por Ana Sousa Dias e com a participação de David Toscana, Harrie Lemmens, João de Melo e João Felgar. Estão também previstas as “Leituras sobre Rodas” uma espécie de viagem cultural pela cidade num mini-autocarro que junta a vertente turística à leitura de poemas.

Entre novas apresentações de livros e uma conversa sobre literatura com Javier Cercas e José Manuel Fajardo, o dia 25, sexta-feira, terá quatro mesas redondas. São os casos de “Escrever é ganhar e perder”, moderado por Pedro Teixeira Teles (com Carmen Yáñez, Daniel Sánchez Pardos, Francisco Conduto de Pina, Luís Filipe Castro Mendes e Miguel Real) e “Escrevo e Depois”, moderado por Ivo Machado (com Álvaro Magalhães Fernando Iwasaki, Manuel Rui, Mário Zambujal  Mayra Santos-Febres). Pelo meio haverá sempre a oportunidade de visitar a Feira do Livro, este ano com um espaço mais alargado, uma tenda montada na rua em frente ao teatro.

O último dia do encontro, sábado 27, começa com uma pergunta: “Quanto livros tem um livro?”. A resposta, moderada por João Gobern será dada por Carmo Neto, Cristina Valadas, João Paulo Sousa, Raquel Patriarca e Vergílio Alberto Vieira. O ponto final da 17ª edição do festival acontece com a sessão de encerramento no Cine-Teatro Garrett, onde serão entregues os prémios literários 2016. No próximo ano, mais livros se abrirão. 

Nelson Jerónimo Rodrigues 2016-02-23

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