Há sangue novo a movimentar o número 39 da Rua de São Caetano. Um casal brasileiro, que há mais de uma década trabalha com a culinária japonesa, adoptou Portugal como casa sua.
A história da abertura deste restaurante vale a pena ser contada. Brandão e Adriana vieram para Portugal por um período de três meses, para uma experiência de Verão num restaurante da Comporta, meses esses que se transformaram em cinco anos.
Começaram com os jantares ao domicílio para grupos ou, noutro registo mais intimista, para casais. Neste último caso levavam a casa às costas e só voltavam no dia seguinte para recolher o material. Mesas baixas, biombos, almofadas, loiças orientais, cds de música, velas e incenso, fontes de água sem esquecer o pormenor dos kimonos.
O sucesso espreitou-lhes à porta e, entre outra experiência menos bem conseguida na restauração, resolveram abrir, a solo, este restaurante na Lapa que dá à boca o que o Japão tem de melhor, a gastronomia. Brasileiros a fazer isto? Soa estranho, ele há coisa... Será preciso mencionar que é no Brasil que se encontra a maior comunidade de japoneses fora da sua pátria natal?
Nesta casa da Lapa, o ambiente é intimista e minimal. Luzes rebaixadas junto a cada mesa, mobiliário simples que convive com respostas mais ousadas mas sóbrias.
A decoração do espaço leva a assinatura do próprio dono. Se a frescura do aquário é um consolo de Verão, a lareira é uma satisfação de Inverno. O restaurante é pequeno e como tal não tem salas privadas. Mas o que se perde em privacidade, ganha-se em espírito.
A cozinha prepara pratos emblemáticos do país do Sol Nascente como a tempura, um frito de peixe, frutos do mar ou vegetais introduzido, curiosamente, no Japão por comerciantes portugueses. E o que mais há? Sushi e sashimi, claro, de salmão, atum, polvo e robalo.
Às terças-feiras, caindo a noite, o Clube do Sushi sacia-lhe o apetite, é o Festival do Sushi e do Sashimi. Não há fome que não dê em fartura. Por 30 euros (fora bebidas e sobremesas), come-se o que se conseguir e vai-se já preparado previamente para a conta.
Paula Oliveira Silva 2005-07-19