Cinemateca Portuguesa

Esqueça os "multiplex" barulhentos e o cheiro das pipocas. Vá até à Cinemateca redescobrir o verdadeiro prazer do cinema, com toda a calma e conforto.

Para já, a leitura

Ainda que o destino seja alguma das salas de cinema, gosto de entrar na Cinemateca pela porta principal. Disseram-me há algum tempo que este foi o primeiro edifício de Lisboa a ter luz eléctrica e agora sempre que aqui venho gosto de pôr a imaginação a funcionar. Nem é difícil fazê-lo, já que a entrada abre-se para a sala em estilo mourisco. As histórias das mil e uma noites começam a delinear-se já aqui e terminam, tal como o meu percurso, numa das salas de projecções subterrâneas e dotadas de todas as comodidades.

Este é dos poucos sítios em Lisboa que, embora frequentemente falado, continua como um reduto onde se está tranquilamente. A biblioteca satisfaz a curiosidade e mata a ignorância em relação a alguns assuntos. Quem aqui entra sabe que o apoio da literatura não tem outro fim se não o de chegar ao cinema.

Não são só livros que encontro. Afinal o cinema é antes de mais imagem. Fotografias, cartazes e desenhos são de investigar. Lembra-se daquele filme que tanto gostou? Pode ser que descubra aqui o guião. É estrangeiro, e depois? Um museu do cinema não se contenta em mostrar apenas o que é feito dentro de portas. O made in qualquer coisa também é motivo de estudo.

Na sala de leitura do tecto bonito e da mesa comprida de madeira, resolvo sentar-me. O silêncio ocupou os restantes lugares vagos. Aproveito para saber tudo o que quero sobre aquele tema, já que não posso requisitar e levar para casa. O que se compreende. Tudo respira sétima arte, até a livraria “Ler Devagar” que aqui se instalou para dar resposta a um público exigente. Especializada no cinema e nas artes do espectáculo, é um oásis para estudantes, curiosos e público em geral que se interessa por estas coisas. Mais um sítio na Cinemateca onde descansadamente se folheia sobre o tema. A um canto da sala, ainda há espaço para mim num dos quatro sofás colocados à disposição dos visitantes. Mal entrei piscou-me o olho a colecção de cassetes de vídeo e DVDs, assim como a de postais.

Alimento para o corpo

Sem pressas porque a Cinemateca não é lugar propício a isso, o descanso prolonga-se pelo café e restaurante “39 degraus”, numa homenagem ao filme de Hitchcock. Refeições ligeiras ou mais completas a qualquer hora, solução ideal para quem gosta de ver três sessões de cinema seguidas, com intervalo para recuperar energias. Na ausência de vento, chuva ou frio, está-se igualmente bem na esplanada. Dentro, a memória de actores e actrizes em cartazes que nunca deixam esquecer.

Espectadores e não espectadores das sessões da cinemateca são todos muito bem vindos.

Paula Oliveira Silva 2003-10-21

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