Só deve ir jantar à Charcutaria Francesa quem gosta de ser surpreendido. Porque ali nenhuma refeição é igual à anterior. Uma coisa é certa: da cozinha primorosa ao ambiente acolhedor, há motivos de sobra para voltar.
Na Charcutaria Francesa não há lista. Há alguns pratos que se repetem com regularidade, mas o que vai encontrar é sempre uma surpresa. E esse é, desde logo, um factor distintivo deste espaço. Como não há um menu para ler, Manuel Pessoa faz questão de ir a cada mesa explicar a todos os clientes quais os pratos que tem nesse dia e descrever com pormenor cada um deles. E isto porque sempre que vê um cliente satisfeito tem a sensação de missão cumprida.
O serviço cuidado e personalizado é uma das memórias que se leva deste espaço. Mas também o são o ambiente confortável, a decoração em vermelho e branco, as exposições que vai acolhendo e que contribuem para renovar o visual do espaço (no dia em que o visitámos havia grandes pássaros em origami pendurados pela sala) e os pratos criativos que aqui se provam. Aberto apenas ao jantar, só há duas formas de garantir que tem mesa, sobretudo ao fim-de-semana: ou reserva com antecedência ou chega bem cedo.
Um ponto importante a esclarecer: a Charcutaria Francesa não é nem uma charcutaria nem francesa. É um restaurante, que começou por funcionar na Rua D. Pedro V. O espaço só servia almoços, num regime de pronto-a-comer, e propuseram a Manuel Pessoa abrir à noite como restaurante. Ele, que vinha da área da decoração e não tinha experiência anterior neste domínio, abraçou o projecto sem hesitar. Todos os dias montava e desmontava tudo, “sentia-me um vendedor ambulante”, confessa.
A situação seria provisória, mas acabou por durar ainda quatro anos. Quando o espaço foi vendido, Manuel Pessoa encontrou aquele onde actualmente se encontra: em Dezembro de 2006 mudou para a pacata Praça das Flores (entre o Príncipe Real e São Bento), um dos raros locais de Lisboa que conserva o típico ambiente de bairro em pleno centro da cidade.
Catarina Sacramento 2008-01-16