Naquela terra “agreste e bravia”, nas palavras de Torga, encontram-se recantos que homenageiam um reino mágico contornado pelo Douro. Entre na Casa de Gouvães e desfrute da paisagem, em silêncio.
Era uma ruína, mais uma das inúmeras que aqui e ali pontuam a paisagem duriense, autênticos pedaços de vidas esquecidos no meio das vinhas e olivais, assentes na terra rude, por entre resquícios de xisto e ladeados por socalcos imensos. Mantida a dignidade da pedra ergueu-se uma casa de férias onde os apontamentos contemporâneos servem de aconchego a dias bem passados no meio de memórias. Na realidade, assegurado o conforto, pela ajuizada escolha de materiais, toda a casa está repleta de objectos que com toda a certeza nos enterneceriam a contar as aventuras da sua existência. Falamos da Casa de Gouvães, um espaço de turismo rural que desde Outubro de 2008 tem atraído a curiosidade daqueles que escolhem o Douro como destino para uns dias de descanso. E não escolhem nada mal, asseguramos nós. Porque uma escapadela na região é sempre digna de recordação, mas também por que nas proximidades há o deslumbrante património mundial para descobrir.
Gouvães do Douro fica a cinco quilómetros do Pinhão e a apenas quatro de Provesende, uma das seis simpáticas aldeias vinhateiras, a par com Barcos, Favaios, Salzedas, Trevões e Ucanha, todas a merecer uma visita.
Regalo para os olhos
Poderíamos começar pelos móveis, impecavelmente recuperados ou concentrar-nos numa máquina de escrever, num livro bordejado pelas marcas do tempo, numa ferramenta usada na vinha, ou simplesmente deixar o tempo correr sentados nos sofás azul petróleo...
Mas também podemos deter-nos na vista. Na verdade, Gouvães do Douro é mais um daqueles recantos onde apetece ficar. Pelo silêncio, pelo chilrear dos pássaros, pelas estrelas que iluminam o céu, mas também pela paisagem. Aquela imensa tela que se desfruta da zona da piscina ou os singelos quadros, recortes meticulosos no xisto, que são as imagens panorâmicas que se têm de dois dos quartos da casa, virados para a varanda comum.
Andreia Fernandes Silva 2009-06-17
