Casa da Ínsua - Penalva do Castelo

Um muito de tudo

Uma casa histórica do século XVIII acolhe este hotel de charme onde o alojamento é só o ponto de partida para uma experiência total. Ao emblemático edifício juntam-se jardins românticos, quintas e vinhas com produtos de origem certificada e até um museu. Do sonho do nobre Luís Albuquerque nasceu um refúgio digno de reis.

Construída há quase 250 anos para servir de morada ao mais nobre fidalgo de Penalva do Castelo (outrora Castendo) a Casa da Ínsua tem agora novos reis e senhores: os hóspedes. As mordomias começam logo à chegada, numa opulenta sala/receção com trabalhos de artistas famosos (como Nicola Bigaglia ou Zuber) que evocam as viagens da família, a começar por Luís de Albuquerque, Governador de Cuibá e Mato Grosso (Brasil) que mandou fazer o edifício.

O cansaço da viagem rapidamente fica paras trás e, enquanto alguém nos leva as malas para o quarto, partimos à descoberta desta casa senhorial onda cada espaço é uma lição de história. Assim acontece, por exemplo, na sala dos retratos, com imagens dos diferentes senhores da Ínsua e uma mesa oferecida pelo marquês de Pombal, ou no Salão Nobre, onde salta à vista um chão com 14 tipos de madeira e um teto que retrata as estações do ano, expeto o inverno porque a família não gostava desta época. Luz é coisa que não falta na casa, seja pela claridade que entra das grandes janelas ou pelos candelabros que trazem à conversa outra curiosidade: a propriedade foi das primeiras do país a ter eletricidade graças a uma central hidroelétrica própria que chegou a abastecer todo o concelho.

A capela, a sala de jantar ou a cozinha são de passagem obrigatória, também elas utilizadas como cenários do filme Viúva Rica Solteira Não Fica (José Fonseca e Costa) rodado na Ínsua. Cinematográficas são igualmente as vistas do terraço, espaço sobranceiro ao jardim onde terminam as visitas guiadas ao edifício, gratuitas para hóspedes e com o custo de 3€ para quem não está alojado. Mas atenção porque se estiver de passagem há de ficar com um vontade tremenda de lá passar a noite. Definitivamente, este é um daqueles lugares onde sonhamos dormir pelo menos uma vez na vida.

Dos produtos nacionais às árvores do mundo

Porque a Casa da Ínsua é muito mais que um hotel (entretanto integrado na rede Paradores) chegou a altura de partirmos à descoberta da quinta que a rodeia, provavelmente a única em Portugal com três produtos de regiões denominadas diferentes: vinho Dão, queijo serra da Estrela e maçã Bravo de Esmolfe. Comecemos pelo primeiro num belo edifício coberto de heras onde fica a adega, berço dos exclusivos néctares Casa da Ínsua.

A dois passos dali fica a queijaria, onde se pode assistir ao fabrico do queijo serra da Estrela e, claro, fazer uma prova. Quem quiser também poderá participar na atividade Pastor por Um Dia (custo extra) e acompanhar o rebanho da quinta desde a ordenha ao pastoreio. A trilogia de produtos certificados fica completa com as maçãs Bravo de Esmolfe que nascem no pomar, um dos vários frutos utilizados na produção de doces e compotas com o selo Casa da Ínsua. Todos estes produtos vão à mesa do restaurante do hotel, especializado em cozinha tradicional portuguesa mas com alguns apontamentos de autor. Borrego na brasa com açorda de alheira e ovo escalfado; bacalhau panado em broa, puré de castanhas e grelos salteados com pinhões ou magret de pato com cremoso de ervas aromáticas são alguns dos pratos apresentados pelo chefe Paulo Cardoso.

Depois da passagem pela piscina descobrimos finalmente os famosos jardins oitocentistas da Casa da Ínsua. Em frente à casa está o de inspiração francesa com os seus buxos de formas singulares e canteiros perfumados que convidam os visitantes a deambularem entre o lago das flores de lótus, a magnólia monumental e a ala das camélias. Mais resguardado fica o jardim inglês, povoado de árvores frondosas, como o cedro do Líbano ou o pau-Brasil trazida de terras de Vera Cruz por Luís de Albuquerque. Dois espaços cheios de romantismo sempre procurados pelos noivos que aqui fazem o banquete de casamento.

Dormir no embalo da história

De volta à casa, é tempo de conhecermos o alojamento desta unidade de cinco estrelas. No total, há 30 quartos divididos por três alas (palácio, claustros e arco) e mais cinco apartamentos numa casa independente. Cada um tem o seu nome e história associada, como o Quarto do ispo, outrora destinado ao bispo da região, ou a Suíte do Milagre, cujas vistas para a Ermida da Nossa Senhora do Castelo (Mangualde) ajudaram a curar uma antiga ocupante. Em comum têm a decoração clássica e o sumptuoso mobiliário antigo que fazem lembrar os aposentos de príncipes e princesas de outros tempos.

A descoberta da Casa da Ínsua só fica completa com uma visita ao núcleo museológico (3€ para não hóspedes), um espaço surpreendente que conta a história da propriedade e das várias gerações que a geriram, com especial destaque para Luís de Albuquerque. Mapas, artefactos e desenhos trazidos pelo antigo governador de Cuiabá e Matto Grosso compõem a exposição Braziliana enquanto as antigas serralharia e fábrica do gelo recordam noutros espaços mais duas facetas passadas desta multifacetada propriedade. Desde 2009 que passou a juntar-se mais uma: o turismo. A grandiosidade voltou à Casa da Ínsua mas agora sob o brilho das cinco estrelas. 

Parador Casa da Ínsua 

Morada: Parador Casa da Ínsua, Penalva do Castelo
Telf.: 232 640 110
www.casadainsua.pt

Distância de Lisboa: 300 Km
Percurso recomendado: A1, IP3, A35, N234 e N329-1
Custo das portagens: 14.25€

Distância do Porto: 150 Km
Percurso recomendado: A1, A25 e N329-1
Custo das portagens: 9,50€

 

Nelson Jerónimo Rodrigues

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