Boc’aboca, Conceitos e Sabores

Pequenos prazeres

O sabor não mudou. Esta é a primeira advertência para os mais puristas e receosos. O recheio de ovos-moles permanece doce e altamente calórico. A novidade está nas formas e nas cores. Agora há ovos-moles que são coelhos, uma adaptação à Páscoa e no Natal, por exemplo, assumiram motivos natalícios como estrelas ou árvores.

Mas não se pense que a inovação fica por aqui. Também foram pensadas umas pequenas bolachas com uma fina hóstia e uma suave camada de ovo, e para cortar com o doce do recheio até se experimentou juntar amêndoa torrada. Já agora, sabia que antes das formas marinhas, os ovos-moles chegaram a ter outras configurações, como a forma de noz?

O projecto Boc’aboca (apenas na Internet) existe há três anos e surgiu na sequência de um trabalho de final de curso de Raquel Damas, quando frequentava o curso de Design, na Universidade de Aveiro. Agora é um desígnio de família a que se juntou a irmã, Rute, licenciada em Gestão, responsável pelo marketing, contando ainda com o apoio do pai.

Antes da aventura de mudar o conceito do ovo mole Raquel desenvolveu um longo percurso de pesquisa. “A ideia partiu da vontade em dar uma cara nova a um produto que não teve qualquer evolução histórica. Queria que os ovos-moles mais do que um souvenir se tornassem em algo apetecível todo o ano”. A partir do momento que se apercebeu que a comida podia ser matéria para o design, seguiram-se contactos com produtores, observaram-se e estudaram-se as técnicas de fabrico e iniciaram-se os primeiros testes.

Este é “um ponto de partida a alargar a outros produtos tradicionais”, embora a experiência de trabalhar com um produto tão perecível exija que a próxima evolução deva ser num sabor com uma maior durabilidade. Todavia, o lema “velhos saberes, novos conceitos” será mantido.

Imagem de marca

Apesar do projecto estar a causar algum desconforto junto dos mais tradicionalistas, os ovos-moles da Boc’aboca apostam fortemente na manutenção da qualidade de um dos ex libris da cidade de Aveiro. “Escolhemos um produtor certificado e com experiência de muitos anos”, assegura a jovem empreendedora. E se a cor tem suscitado alguma estranheza, Raquel garante que “o corante alimentar usado só dá tonalidade, não altera o sabor”. “A receptividade tem sido muito positiva. Quem experimenta fica surpreendido porque o gosto do recheio é mantido”, afiança.

Andreia Fernandes Silva 2009-03-04

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