Banco de Tempo

Tempo não é só dinheiro

Dar e receber. É este o lema de um banco quase igual aos outros mas que em vez de dinheiro utiliza a hora como moeda de troca. Mesmo sem gastarem um único cêntimo, os clientes do Banco de Tempo ficam sempre a ganhar, até porque apenas “investem” boa vontade e espírito solidário. Como se fosse Natal todos os dias.

Quem dá o que tem a mais não é obrigado

“E agora o que vou fazer com tanto tempo livre?” A dúvida tomou conta de Manuela Couto desde o primeiro dia de aposentada até ao momento em que conheceu o Banco do Tempo. Aos 55 anos, esta antiga professora, oriunda das beiras, lembrou-se da época “em que as pessoas lá da terra se ajudavam umas às outras” e decidiu tornar-se “cliente” do mais solidário banco português.

Dois anos depois, é um dos membros mais activos da agência de Cascais e a sua “conta de movimentos” apresenta uma extensa lista de horas oferecidas e solicitadas: “já dei explicações para crianças carenciadas, tratei de jardins, fiz bainhas em calças e até tomei conta de bebés e animais.  Mas também recebi muito, desde sessões de depilação e de massagens tibetanas até uma simples companhia para ir ao cinema”.

Mas nem só os menos ocupados recorrem ao Banco do Tempo. A designer de joalharia Sofia Sobreira já faz parte da “família” do balcão da Foz do Porto, que conta regularmente com ela para dar explicações de informática e para paginar um jornal local. “Reconheço que ofereço mais horas que recebo mas quando tive um braço partido também pedi ajuda para me fazerem compras e transportarem algumas coisas”, recorda a “investidora” de 40 anos.

“Com esta forma de voluntariado tenho apoiado muitas pessoas, mas ao mesmo também aprendo com elas, num sistema diferente de solidariedade em que tanto damos como recebemos”, acrescenta.

Nelson Jerónimo 2009-12-09

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